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O presidente Jair Bolsonaro, presidente da República
O presidente da República, Jair Bolsonaro| Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro é citado em gravações no suposto esquema ilegal de entrega de salários de assessores, conhecido como "rachadinha", durante os mandatos de deputado federal, de 1991 a 2018. As citações foram publicadas em reportagem do UOL a partir do acesso à íntegra dos áudios da investigação sobre Flávio Bolsonaro.

Nas gravações, há o relato da demissão de um familiar por não devolver o valor combinado, a menção de que Bolsonaro era o "01" para membros da família Queiroz e que o suposto recolhimento de parte dos salários não era tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Familiar se recusou a devolver salário

Em um dos trechos, a ex-cunhada do presidente Bolsonaro Andrea Siqueira Valle disse que seu irmão foi demitido porque se recusou a devolver a maior parte do salário como assessor. "O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'", mostra a reportagem.

Bolsonaro é citado como "01"

O presidente também é citado como o verdadeiro "01" por membros da família Queiroz. De acordo com o jornal, em troca de mensagens de áudio, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, cita o presidente. Márcia afirma que o presidente "não vai deixar" Queiroz voltar a atuar como antes.

"É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele", teria afirmado Márcia.

Função de Queiroz

De acordo com as gravações, o ato de recolher salários não era uma tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz. A ex-cunhada do presidente cita o nome de um coronel da reserva do Exército, ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) na ação.

Andrea Siqueira Valle, a ex-cunhada do presidente, diz no aúdio que a maior parte do salário que recebia do gabinete de Flávio Bolsonaro era recolhida pelo coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson. O jornal afirma que o militar citado é tio de Andrea e de Ana Cristina Valle, segunda mulher do presidente, além de ser colega do presidente na Aman e constar como assessor de Flávio na Alerj, de junho a agosto de 2018.

"Não é pouca coisa que eu sei não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm medo aí e manda eu ficar quietinha. Não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí", teria dito Andrea, segundo as gravações divulgadas.

O que dizem os citados

Em nota enviada ao UOL, a defesa de Flávio Bolsonaro afirma que "gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis".

A defesa de Andrea Siqueira Valle diz que ela cumpria sua jornada dentro das regras definidas pela Assembleia. Já o advogado de Ana Cristina Valle e sua família, além de Guilherme Hudson, disse por nota que os clientes decidiram não se pronunciar. Andrea foi procurada para falar das gravações mas não respondeu aos contatos do site.

O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, proprietário de um imóvel onde Queiroz foi encontrado, diz que "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".

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