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Moradora de prédio no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, participa de "panelaço" contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (18).
Moradora de prédio no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, participa de “panelaço” contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (18).| Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Pelo segundo dia consecutivo, sons de panelas batendo umas nas outras ecoaram pela noite em grandes cidades do Brasil. A diferença, desta vez, foi que as manifestações desta quarta-feira (18) se dividiram entre panelaços contra Jair Bolsonaro (mais barulhentas) e a favor do presidente (mais fracas). Vídeos feitos pela população e compartilhados em aplicativos de mensagens e outras redes sociais rodaram a internet. O assunto dominou o trending topics do Twitter ao longo do dia.

“Qualquer manifestação popular nas ruas ou dentro de casa, como o panelaço, nós, políticos, devemos entender como a pura manifestação da democracia”, afirmou Bolsonaro, horas antes, na entrevista coletiva em que tentou demonstrar protagonismo nas ações de enfrentamento ao novo coronavírus.

A compreensão do chefe do Executivo não esconde que os novos protestos evidenciam duas coisas: 1) a polarização política que divide o país desde 2015 continua mais viva do que nunca; 2) a paciência de parte do eleitorado de Bolsonaro demonstra sinais de esgotamento.

A gota d'água parece ser a forma como o presidente da República lidou com a crise do coronavírus até agora. Enquanto milhares de brasileiros tiveram suas rotinas alteradas abruptamente — na escola, no trabalho, nos ônibus, etc — por causa do risco da covid-19, Bolsonaro insiste em desqualificar a gravidade da nova doença, chamando de "histeria" a reação da população mais consciente.

Também pensa na balança da frustração dos brasileiros o crescimento pífio do PIB em 2019, o dólar a R$ 5,00, os ataques reiterados a outros poderes da República e a percepção de que a taxa de desemprego não vai recuar para um dígito tão cedo. Por causa dessa insatisfação, o panelaço ocorreu com mais intensidade na noite desta quarta-feira (18).

Panelaço nas principais capitais brasileiras

Foram registradas manifestações em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Porto Alegre, Maceió, Natal, São Luis, João Pessoa, Fortaleza, Recife, Belém, Florianópolis, Goiânia, Natal, Aracaju, Teresina, Curitiba e Palmas.

Os protestos estavam marcados para as 20h30, mas começaram ao menos uma hora antes. Aos gritos de “Fora, Bolsonaro”, manifestantes bateram panela dentro de casa em pelo menos nove bairros da capital paulista: Vila Romana, Barra Funda, Butantã, Santo Amaro, Aclimação, Cambuci, Jardins, Higienópolis e Morumbi.

No Rio, o panelaço e os gritos de protesto começaram parte na tarde desta quarta-feira durante a entrevista coletiva, em Brasília, do presidente Bolsonaro e de alguns ministros sobre a pandemia da covid-19. Enquanto as declarações eram transmitidas pela televisão, houve manifestações pelo menos nos bairros da Lagoa, Leme, Laranjeiras, Cosme Velho e Flamengo. “Fora Bolsonaro” e “canalha” foram algumas das palavras gritadas pelos manifestantes, das janelas dos prédios.

Os protestos na cidade foram retomados depois, quando Bolsonaro voltou a se pronunciar, à noite, ao lado do presidente do STF, Dias Toffoli. Houve panelaços nos bairros do Flamengo, Botafogo, Laranjeiras, Copacabana, Ipanema, e Glória, na zona sul, e no Grajaú, na zona norte da capital. Em Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, também foi possível ouvir o bater de panelas. Em todos, houve gritos de “Fora” dirigidos ao presidente.

Em Salvador, foram registrados apitaços e panelaços contra o presidente Jair Bolsonaro em várias regiões em dois momentos: às 19h30 e 20h. As manifestações ocorreram tanto em bairros populares quanto nos de classes média e alta. O panelaço durou de 5 até 8 minutos em algumas regiões.

Em bairros mais centrais como Gamboa, Federação, Campo Grande houve panelaço. Em bairros próximos à orla marítima da capital como Barra (onde normalmente ocorrem manifestações pró-Bolsonao), Corredor da Vitória, Graça, Pituba, Candeal, Rio Vermelho, Caminho das Árvores, Itaigara e Jardim Apipema registraram apitaços e panelaços.

Reduto bolsonarista, Águas Claras, no Distrito Federal, também teve panelaço antecipado contra Bolsonaro, além de gritos contra o ministro da Economia, Paulo Guedes. O panelaço também foi expressivo na região central de Florianópolis e no centro de Curitiba, capital na qual o presidente fez 76% dos votos no segundo turno em 2018. Fora das capitais, houve manifestações em cidades como Londrina (PR) e Ribeirão Preto (SP).

Reação bolsonarista

Uma hora depois do primeiro panelaço, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro repetiram o bate-bate de tampas, panelas e utensílios de cozinha em prédios e casa. Mas ficou nítido que o apoio foi menos entusiasmado do que os de opositores.

Eles atenderam a uma chamamento nas redes sociais em contraponto ao primeiro panelaço de terça-feira (17). O próprio Bolsonaro chegou a propagandear a manifestação no seu Twitter:

Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba tiveram demonstrações, ainda que mas tímidas do que aquelas realizadas um pouco antes. O "panelaço contra a esquerda", como foi chamado no Twitter, teve gritos de "mito" e até hino nacional conforme registros.

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