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Jair Bolsonaro e Mauricio Macri
Bolsonaro declarou apoio à reeleição do atual presidente Mauricio Macri| Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em uma extensa entrevista publicada hoje pelo jornal argentino La Nacion, estar na torcida para que o país vizinho vote em um presidente de centro-direita nas eleições que ocorrerão em 27 de outubro e salientou que "Brasil e Argentina não podem voltar à corrupção".

"Nós torcemos para que o povo argentino eleja um candidato de centro-direita, como fez o Brasil e também Paraguai, Chile, Peru e Colômbia", declarou. "A Argentina e o Brasil não podem voltar à corrupção do passado, uma corrupção desenfreada pela busca ao poder. Contamos com o povo argentino para eleger bem seu presidente em outubro", afirmou.

A afirmação foi uma crítica indireta à candidatura à vice-presidência de Cristina Kirchner, antiga aliada dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Cristina também é a principal oponente do atual presidente argentino, Mauricio Macri, por quem Bolsonaro tem simpatia.

A entrevista foi concedida no Palácio do Planalto aos jornalistas argentinos. O La Nacion abriu a reportagem mencionando que Bolsonaro assumiu o poder há cinco meses, mas sofre com a retração da economia, a popularidade erodida e dificuldades para dar andamento à sua agenda no Congresso. Além disso, o jornal classifica o presidente brasileiro como um ex-militar que não mede as palavras, nem as consequências de seus atos, aparentando preferir o ataque como principal defesa.

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Na entrevista, Bolsonaro contou que viajará para a Argentina na próxima semana, acompanhado de vários ministros, para discutir detalhes finais do acordo em discussão entre o Mercosul e a União Europeia. "O acordo vai estimular nossas economias. Temos consciência de que podemos perder algumas coisas, mas, em termos gerais, será muito bom. E vamos tratar de outras medidas de cooperação bilateral também", afirmou.

O presidente brasileiro acrescentou que Brasil e Argentina estão juntos no Grupo de Lima, e que não podem se descuidar da questão política na Venezuela. Bolsonaro disse não acreditar em uma transição no governo venezuelano através de mediação de uma terceira parte.

Na sua avaliação, Nicolás Maduro só deixará o poder se houver um racha na cúpula militar que sustenta o governo. Bolsonaro ainda fez um alerta de que o regime ditatorial na Venezuela pode endurecer mais, transformando-se em uma "Coreia do Norte sem bomba atômica". "E os russos têm participação nisso também, porque na Venezuela tem petróleo e ouro", acusou.

Retração na economia brasileira

Questionado sobre a retração da economia brasileira, Bolsonaro argumentou que está há apenas cinco meses no poder e que as mudanças levam tempo. "Mudar o rumo da economia não é como mudar a direção de uma canoa, com uma remada. É como um transatlântico", comparou.

O chefe do Executivo disse que está levando a economia brasileira para a centro-direita, com medidas de mais liberdade e desburocratização, e que a classe empresarial está satisfeita com sua gestão. Ele declarou ainda que a reforma da Previdência tem ganhado apoio da população. "O povo entendeu que, se não fizéssemos a reforma agora, teríamos problemas mais adiante. Nossa economia está melhorando, sim."

O presidente brasileiro não respondeu à pergunta sobre um plano B para a economia brasileira caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Em vez disso, ele afirmou estar otimista com a aprovação no Congresso e que "jamais" teve problemas com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, voltou a atacar a imprensa. "É a imprensa que divulga coisas e faz declarações que não condizem com a verdade", emendou.

O La Nacion também relembrou as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro sobre suspeitas de lavagem de dinheiro e envolvimento com milícias. Nesse caso, o presidente voltou a repetir que as investigações têm como objetivo desestabilizar o seu governo.

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