O presidente Jair Bolsonaro divulgou nesta quinta-feira (9) uma declaração à nação em que recua das declarações que fez contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nos atos de 7 de setembro. "Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum", diz o chefe do Executivo.
Bolsonaro afirma que as críticas "decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news". O presidente também reconhece que as autoridades "não têm o direito de 'esticar a corda', a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia".
Após as manifestações de 7 de setembro, o mercado financeiro sofreu um forte impacto. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), chegou a despencar quase 4% no dia seguinte aos atos. Já o dólar fechou a quarta-feira em alta, cotado a R$ 5,32.
"Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes", pontua o presidente. Durante o discurso na manifestação realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro disse que não cumprirá decisões tomadas pelo ministro.
"Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro", disse o presidente aos seus apoiadores.
O novo movimento de Bolsonaro tenta aparar as arestas criadas pela crise institucional criada por suas declarações. O ex-presidente da república, Michel Temer (MDB), foi convocado para tentar ajudar no esforço de pacificação. Temer disse à CNN Brasil que ajudou redigir a declaração divulgada pelo Planalto.
O presidente afirmou que irá cumprir decisões judiciais. "Essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal".
Leia a íntegra da nota divulgada pelo presidente da República Jair Bolsonaro:
Declaração à Nação
"No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de "esticar a corda", a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil."
-
Como a presidência de Nikolas Ferreira na Comissão de Educação deve impactar o tema em 2024
-
Lula boicota Jovem Pan usando regra de Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Chanceler brasileiro diz que relações com Israel vão sobreviver após fala de Lula sobre nazismo
-
Antiga fazenda modelo da Embrapa será entregue oficialmente ao MST, com festa
Busca por fugitivos de Mossoró completa um mês e coloca em xeque confiança nos presídios federais
Lula perde aliado com vitória da direita em Portugal e vê acordo Mercosul-UE mais longe
Há cinco anos, inquérito das fake news persegue quem ousa se opor ao STF
“Pacote anticrime” pautado por Caroline de Toni na CCJ enfrenta resistência da esquerda
Deixe sua opinião