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O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, em evento público em Curitiba. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Bolsonaro prometeu indicar Moro para a primeira vaga que abrir no STF, o que deve ocorrer em novembro de 2020.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Quase 20 dias após afirmar que indicará o ministro da Justiça, Sergio Moro, para a primeira vaga que surgir no Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro fez um questionamento, na sexta-feira (31), que deixou muita gente intrigada. "Existe algum, entre os 11 ministros do Supremo, evangélico", indagou.

A pergunta, feita de forma retórica em discurso na Convenção Nacional das Assembleias de Deus, em Goiânia, passou a impressão de que, em uma futura indicação à Suprema Corte, a preferência do presidente será por um magistrado evangélico. Mas há um problema aí: Moro, até então o preferido, é católico.

A próxima cadeira a vagar no STF será a do decano Celso de Mello, que deve se aposentar de forma compulsória em novembro de 2020 por causa da idade limite prevista em lei.

Neste sábado (1º), ao deixar o Palácio da Alvorada para um almoço, Bolsonaro não quis falar em nenhum nome para o Supremo depois da declaração em Goiânia. "Em novembro do ano que vem, eu te digo em primeira mão", disse.

"Eu sempre falei durante a pré-campanha e a campanha que eu queria alguém no Supremo do perfil do Moro, mas nada além disso"', declarou, quando questionado se o ministro Sergio Moro, que é católico, estaria fora da disputa.

No dia anterior, em Goiânia, Bolsonaro questionou se não estava na hora de a Suprema Corte ter um magistrado evangélico. "Não me venha a imprensa dizer que eu quero misturar a Justiça com a religião. Todos nós temos uma religião ou não temos. Respeitamos e tem que respeitar. Será que não está na hora de termos um ministro do Supremo Tribunal Federal evangélico", perguntou ele, sendo aplaudido de pé pelos fiéis da igreja.

O assunto STF foi abordado por Bolsonaro quando ele mencionou o julgamento sobre a criminalização da homofobia.

Neste sábado, nas imediações do Alvorada, o presidente desceu do carro para cumprimentar turistas e apoiadores e perguntou se tinham gostado do que ele havia dito sobre o STF. "Gostaram do evangélico no Supremo? Gostaram?", repetiu. "É uma bênção", respondeu uma mulher.

Muitos dos presentes disseram ao presidente que estavam rezando por ele. Bem humorado, trajando uma camisa da seleção brasileira, Bolsonaro agradeceu e parou para ouvir a leitura do Salmo 91, feita por uma senhora.

Afinal, qual a religião dos ministros do STF?

A resposta ao questionamento do presidente Bolsonaro sobre evangélicos no Supremo é não. Dos 11 ministros do STF, sete são adeptos da religião católica, incluindo o atual presidente da Corte, Dias Toffoli, e sua antecessora no comando, ministra Cármen Lúcia.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, além de Cármen e Toffoli, são católicos os ministros Edson Fachin (relator de uma das ações sobre a criminalização da homofobia), Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes.

Os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux são judeus. Os ministros Celso de Mello e Rosa Weber não informaram as suas religiões, mas nenhum dos dois é evangélico.

No plenário do STF há um crucifixo, o que, na visão de Marco Aurélio Mello, "até certo ponto conflita com o Estado laico". O ministro se define como católico apostólico romano, "muito embora não frequente costumeiramente a igreja".

"A fé temos de manter sempre. Ela é que nos dá esperança de dias melhores", afirmou. "É preciso que, no que fazemos, estejamos sempre abençoados até para sair à rua."

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