Sem contingenciamento: o Prosub, programa da Marinha para a construção de submarinos, não poderá ter verbas bloqueadas em 2020.
Sem contingenciamento: o Prosub, programa da Marinha para a construção de submarinos, não poderá ter verbas bloqueadas em 2020.| Foto: Alan Santos/PR

A Marinha, o Exército e o Itamaraty utilizam, há mais de 60 anos, equipamentos e serviços de comunicação secreta fornecidos pela Crypto AG – empresa que foi controlada por serviços de inteligência dos EUA durante décadas. Documentos revelados pelo jornal O Globo mostram que, entre 2014 e 2019, o Brasil comprou produtos da empresa para equipar submarinos brasileiros do programa Prosub.

A ligação entre a Crypto AG e o governo norte-americano foi revelada pelo jornal Washington Post em fevereiro deste ano. Segundo a reportagem, tanto a CIA quanto o Serviço Federal de Inteligência (BND) da Alemanha inseriram falhas ocultas nos códigos dos equipamentos, para que pudessem ler mensagens criptografadas de diversos países que compraram os aparelhos. Isso indica, por exemplo, que o governo dos EUA sabia de violações aos direitos humanos praticadas por ditaduras na América Latina.

A compra de serviços da Crypto AG pelo governo brasileiro está em documentos oficiais do país, descobertos pelos pesquisadores Vitelio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense (UFF); Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Alcides Peron, da Universidade de São Paulo (USP).

A Crypto AG foi vendida em 2018. Em nota oficial, a Marinha afirmou que "desconhece, oficialmente, alegações de comprometimento da qualidade ou da segurança” dos equipamentos, e que os aparelhos “atendem requisitos técnicos e de segurança, e são amplamente testados pela Força antes de serem operacionalizados” .