Marcos Cintra, secretário da Receita Federal.
Demissão de Marcos Cintra partiu do presidente Jair Bolsonaro, após o secretário insistir na recriação da CPMF.| Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara

O ex-secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é um defensor "até hoje" da proposta de imposto único e que a expectativa da equipe econômica era conseguir convencer o presidente Jair Bolsonaro da necessidade de uma tributação sobre movimentações financeiras, nos moldes da CPMF, para viabilizar a reforma tributária. "Mas não tivemos sucesso. Infelizmente não fomos suficientemente convincentes", afirmou em entrevista à Veja publicada nesta quinta-feira (12). Cintra foi exonerado na quarta-feira (11), um dia após o seu secretário adjunto, Marcelo de Sousa Silva, apresentar em um seminário em Brasília um slide contendo as alíquotas da suposta nova CPMF.

A ideia, que ainda estava em estudo, ganhou ares de oficial e repercutiu mal entre políticos e a sociedade, e o presidente Bolsonaro acabou pedindo a exoneração de Cintra. "Foi o meu adjunto que deu essa visão oficial de que aquele projeto estava finalizado. Só que ele, absolutamente, não estava. É uma palestra que ele já deu 'n' vezes em 'n' locais. Eu mesmo já falei aquelas coisas 'n' vezes. Mas essa vez, particularmente, não sei se pelo momento, pela ocasião, pelo local ou pela sensibilidade do momento, acabou tendo uma repercussão que passou essa impressão de ser a proposta oficial do governo apresentada sem o aval do presidente", relatou o ex-secretário.