Lula e Maduro se reuniram em Brasília.
Lula e Maduro se reuniram em Brasília.| Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

A Human Rights Watch criticou a conduta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao receber o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, nesta semana. Para a entidade, Lula "deu a entender que a democracia está prosperando na Venezuela e chamou o enfraquecimento das instituições democráticas no país de uma 'narrativa construída'".

Em nota, a diretora da HRW no Brasil, Maria Laura Canineu, e a pesquisadora Martina Rapido Ragozzino afirmaram que foi "frustrante" ver Lula "bajulando um governante tão autoritário". Segundo a entidade, desde 2014, ocorreram 15.700 prisões por motivos políticos. Atualmente, mais de 280 pessoas permanecem detidas por motivos políticos na Venezuela. Além disso, a HRW aponta que o governo de Maduro provocou uma das maiores crises migratórias do mundo: 7,2 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.

"Vários líderes mundiais têm se reunido com Maduro nos últimos meses, se colocando à disposição para mediar negociações para restaurar a democracia no país. Mas, ao repetir o discurso de Maduro, o presidente Lula se alinhou a seus aliados autoritários e perdeu a oportunidade de ajudar a Venezuela a sair de uma enorme crise humanitária e de direitos humanos", afirmou a entidade.

Elas ressaltaram que Lula "deveria aproveitar todas as oportunidades para restaurar a liderança que seus comentários imprudentes minaram e cumprir sua promessa de ser um líder na defesa e promoção dos direitos humanos em todo o mundo".

"O presidente Lula deveria demostrar apoio ao povo venezuelano: aos presos políticos, jornalistas ameaçados, doentes e famintos, migrantes e refugiados, além de usar todas as oportunidades que tenha para reformular sua posição sobre a situação na Venezuela", disseram as representantes da Human Rights Watch.