Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato
Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato| Foto: Rodrigo Sierpinski/Gazeta do Povo

O ex-juiz da Lava Jato em Curitiba Sergio Moro se manifestou, em nota, nesta quarta-feira (24) sobre a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a suspeição no julgamento do caso do tríplex no Guarujá (SP) do ex-presidente Lula.

Na carta, Moro sai em defesa da Lava Jato e afirma ter "absoluta tranquilidade em relação aos acertos das minhas decisões" todas fundamentadas, nos processos judiciais, inclusive quanto aqueles que tinham como acusado o ex-presidente". O ex-magistrado disse ainda que a condenação foi confirmada pela Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que rejeitaram as alegações de falta de imparcialidade.

Confira a nota na íntegra:

"Sobre o julgamento da 2ª Turma do STF que, por três votos a dois, anulou a condenação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro:

A Operação Lava Jato foi um marco no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro no Brasil e, de certo modo, em outros países, especialmente da América Latina, colocando fim à generalizada impunidade destes crimes. Mais de quatro bilhões de reais pagos em subornos foram recuperados aos cofres públicos e quase duas centenas de pessoas foram condenadas por corrupção e lavagem de dinheiro.

Todos os acusados foram tratados nos processos e julgamentos com o devido respeito, com imparcialidade e sem qualquer animosidade da minha parte, como juiz do caso.

Apesar da decisão da segunda turma do STF, tenho absoluta tranquilidade em relação aos acertos das minhas decisões, todas fundamentadas, nos processos judiciais, inclusive quanto aqueles que tinham como acusado o ex-Presidente.

A sentença condenatória contra o ex-Presidente foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça que, igualmente, rejeitaram as alegações de falta de imparcialidade. O ex-Presidente só teve a prisão ordenada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em 2018, após ter habeas corpus denegado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.

O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade e pelo qual foi elogiado internacionalmente.

A preocupação deve ser com o presente e com o futuro para aprimorar os mecanismos de prevenção e combate à corrupção e com isto construir um país melhor e mais justo para todos.