Reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020. Segundo o ex-ministro Sergio Moro, vídeo do encontro teria provas de que presidente tentou interferir na Polícia Federal.
Jair Bolsonaro e Sergio Moro durante uma reunião ministerial em 2020.| Foto: Marcos Correa/PR

A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não cometeu crime no caso de interferência política na corporação. A investigação começou há quase dois anos, quando o então ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) deixou o governo. O ex-juiz da Lava Jato acusou o chefe do Executivo de interferir politicamente na corporação ao exigir a troca de comando na Diretoria-Geral da PF e em superintendências para blindar investigações contra familiares e aliados.

O inquérito foi concluído nesta terça-feira (29), informou o Estadão. A PF considerou, "dentro dos limites da investigação", que não há elementos mínimos para indiciar o presidente na esfera penal. A manifestação foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes pelo delegado Leopoldo Soares Lacerda. No documento, o delegado afirma que não houve crime por parte de Bolsonaro, pois “os atos foram realizados dentro da legalidade e formalizados conforme a praxe administrativa”.

"No decorrer dos quase dois anos de investigação, dezoito pessoas foram ouvidas, perícias foram realizadas, análises de dados e afastamentos de sigilos telemáticos implementados. Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada", escreveu o delegado.

O relatório ressalta que as testemunhas "foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações conduzidas na Polícia Federal". Em novembro do ano passado, o presidente prestou depoimento sobre o caso e negou qualquer interferência. O mandatário disse que pediu ao então ministro Moro para trocar a direção da PF por "falta de interlocução" com o então dirigente da corporação, Maurício Valeixo.