Procurador-geral da República, Augusto Aras.
O procurador-geral da República, Augusto Aras| Foto: Evaristo Sá/AFP

Senadores da CPI da Covid ameaçam protocolar um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, se ele não encaminhar os pedidos de indiciamento feitos pela comissão. Cabe ao Senado decidir sobre o afastamento de um procurador-geral. A cúpula da CPI se manifestou nesta terça-feira (15) durante a inauguração do Memorial em homenagem às vítimas da Covid-19 no Senado.

"A jurisdição sobre a fiscalização dos trabalhos [da PGR] cabe ao Senado Federal e nós vamos ter de exercer isso, haja o que houver, sob pena de não estarmos dando o encaminhamento necessário que a Constituição manda", disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi relator da CPI. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da comissão, disse que já tem um documento pronto para pedir o afastamento do procurador-geral.

Ele ressaltou que deve esperar até depois do Carnaval para apresentar o pedido. Segundo Randolfe, cerca de 10 senadores estariam dispostos a apoiar o requerimento. "Vou acreditar na boa vontade da PGR, mas tem algo que pressiona a nossa paciência, que são mais de 600 mil mortos. A memória deles paira como fantasma sobre cada um de nós", disse Randolfe.

Em outubro do ano passado, os senadores entregaram o relatório final da comissão à PGR pedindo o indiciamento de 80 pessoas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro (PL). Os senadores pressionam Aras a avançar na investigação desde então. O procurador-geral defende que deu andamento em todos os indiciamentos apresentados pela CPI da Covid.

Na semana passada, a cúpula da CPI concordou em encaminhar novo desmembramento dos arquivos levantados pela comissão até esta sexta-feira (18). Os senadores se reuniram no último dia 9 com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, para pedir que as investigações encaminhadas pela PGR sejam tornadas públicas.