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Como foi o desempenho dos candidatos apoiados por Bolsonaro nas eleições de 2020
Wal do Açaí, entre Bolsonaro e Carlos: ex-assessora do presidente e um dos nomes do bolsonarismo em 2020 não se elegeu vereadora em Angra dos Reis (RJ).| Foto: Reprodução/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro tem pouco o que celebrar neste primeiro turno das eleições municipais de 2020. A maior parte dos candidatos apoiados por ele e por sua família – o que inclui os três filhos e a mulher, a primeira-dama Michelle – não obtiveram bons resultados, seja para prefeituras ou câmaras municipais.

O que se observou na disputa das prefeituras é que, de 13 candidatos apoiados por Bolsonaro, mais da metade (oito) perdeu a eleição. E apenas cinco foram eleitos em primeiro turno ou continuam na disputa do segundo turno.

Os casos mais expressivos são os de Capitão Wagner (Pros), candidato à prefeitura de Fortaleza, Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à reeleição no Rio de Janeiro, e do Delegado Federal Eguchi (Patriota), candidato em Belém. Ambos foram os segundos mais votados nas respectivas cidades. Wagner teve 33,3% dos votos válidos, Crivella fez 21,9% e Eguchi ficou com 23,1%.

Dois candidatos com o apoio da família Bolsonaro se elegeram para prefeituras de municípios de porte médio. O prefeito de Parnaíba (PI), Mão Santa (DEM), apoiado por Bolsonaro, foi reeleito em primeiro turno com 52,1 mil votos, 68,3% dos votos válidos. Outro que recebeu o apoio da família e faturou a eleição também em primeiro turno foi Gustavo Nunes (PSL), eleito em Ipatinga (MG).

Entre os candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro que ficaram no caminho, o caso mais simbólico é o de Celso Russomanno (Republicanos), que disputou o pleito na capital paulista. Não apenas foi preterido pelos paulistanos, como obteve apenas 10,5% dos votos válidos, tendo sido o quarto mais votado.

Em Belo Horizonte, Bruno Engler foi o segundo mais votado. Mas também fez apenas 10% dos votos válidos. Alexandre Kalil (PSD), o atual prefeito, reeleito com 63,4%.

Outros casos de insucessos entre candidatos apoiados por Bolsonaro em capitais está o da Delegada Patrícia (Podemos), postulante em Recife; e o de Coronel Menezes (Patriota), de Manaus. Enquanto Patrícia obteve 14,1% dos votos, a quarta mais votada, Menezes conseguiu 11,3% e foi o quinto mais votado.

Fora das capitais, Allan Lyra (PTC), candidato em Niterói (RJ), e Julia Zanatta (PL), em Criciúma (SC), são outros candidatos do bolsonarismo que sofreram derrotas.

Derrotas também entre candidatos a vereador do bolsonarismo

O resultado não foi muito diferente para os candidatos apoiados pela família Bolsonaro para o cargo de vereador. Dos 45 candidatos que apareceram no “horário eleitoral gratuito” de Bolsonaro, apenas sete conquistaram uma vaga no Legislativo de suas cidades. O principal foi o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, reeleito com 71 mil votos.

Outros casos de sucesso em capitais foram os de Sonaira Fernandes (Republicanos), eleita em São Paulo com 17,9 mil votos; Alexandre Aleluia (DEM), em Salvador, eleito com 10,1 mil votos; Inspetor Alberto (Pros), em Fortaleza, que obteve 7.301 votos; e Nikolas Ferreira (PRTB), com 29,4 mil votos em Belo Horizonte. Fora das capitais, somam-se a eles Anderson Campos (Republicanos), eleito em Niterói; e Paulo Chuchu (PRTB), escolhido pelo eleitorado de São Bernardo do Campo (SP).

Alguns casos das 38 derrotas de candidatos a vereador apoiados por Bolsonaro e família chama a atenção. Clau de Luca (PRTB), concorrente em São Paulo, teve apenas 5,8 mil votos. Ao pedir votos para Clau, Bolsonaro disse ser “apaixonado” por ela, que se aproximou dele nas eleições e é ativa nas redes sociais. Outro caso simbólico é a de Wal do Açaí (Republicanos), ex-assessora de Bolsonaro na Câmara (quando ele ainda era deputado) que foi acusada de ser funcionária fantasma. Ela se candidatou com o nome de urna "Wal Bolsonaro", em Angra dos Reis (RJ). Fez apenas apenas 266 votos.

Outro caso simbólico é o de Rogéria Bolsonaro (Republicanos), mãe de Eduardo, Carlos e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Candidata no Rio de Janeiro apoiada pelos três filhos, ela obteve 2.034 e não foi eleito. Figura como "suplente" na lista oficial dos eleitos divulgada pela Justiça Eleitoral. Ou seja, pode assumir se algum eleito de seu partido deixar a Câmara por alguma razão;

Outro exemplo de uma candidata que não conseguiu se eleger é o de Roberta Lopes (PRTB), candidata a vereadora em Juiz de Fora (MG) apadrinhada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-MG) por ser integrante do movimento Direita Minas. Ela obteve 1,8 mil votos. Outros casos são os de Dra. Lenice (PRTB), em Natal, com 1,1 mil votos; e Renan Leal (Podemos), em Niterói, com 3 mil.

Quatro candidatos apoiados por Michelle Bolsonaro também não conseguiram se eleger vereador. São os casos de Dom Lancellotti (Republicanos), que obteve 285 votos em Fortaleza após se apresentar como cristão, gay e conservador; Diego Hipolyto (Republicanos), ex-atleta olímpico e bicampeão mundial de ginástica artística, que recebeu 3,8 mil votos em São Paulo; Patrick Dorneles (PSD), votado por 1,2 mil eleitores em Campina Grande (PB) após se apresentar como ativista em defesa das pessoas com deficiência; e Anderson Bourner (Republicanos), corretor de imóveis e ativista político que teve 1 mil votos no Rio de Janeiro.

Bolsonaro vira alvo de alfinetadas após desempenho de seus candidatos

O desempenho dos candidatos apoiados por Bolsonaro e família motivou políticos a afirmarem que o presidente saiu derrotado ou que sua força política diminuiu.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi um deles. A jornalistas, após votar em uma escola na zona oeste do Rio de Janeiro, disse que Bolsonaro “volta ao tamanho normal” após as eleições de 2020. “Havia, em 2018, um sentimento que ele acabou representando, mas não necessariamente era a base dele”, disse.

Nas contas do presidente da Câmara, Bolsonaro volta a apresentar um apoio popular semelhante ao que tinha antes do atentado sofrido, em Juiz de Fora (MG). A facada contra Bolsonaro, em 6 de setembro de 2018, e a antecipação do voto útil, acabou impulsionando o então candidato a presidente, avaliou Maia. “A base dele sempre foi até o momento da facada e até o voto útil, um candidato de 18%, 20%. A avaliação positiva era perto disso com 23%, 24% de ótimo e bom”, explicou. “Eu acho que, agora, [Bolsonaro] representa o tamanho do núcleo dele que era muito menor que os 46% de intenção de voto que ele teve. Ele está voltando ao tamanho normal e a influência é menor, especialmente nas capitais onde a cobrança é muito maior do que nos municípios do interior", disse Maia.

A declaração do presidente da Câmara foi reforçada pelo ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro. Para ele, há "alguns resultados interessantes", como o desempenho do "bolsonarismo". "Os candidatos apoiados pela Presidência [da República] fracassaram e o PSol tornou-se o partido de esquerda mais relevante", apontou, em comentário no Twitter.

O governador de São Paulo (PSDB), João Doria, foi outro que não deixou de alfinetar Bolsonaro. "O povo votou, a democracia ganhou e Bolsonaro perdeu", disse à Globo News. O prefeito Bruno Covas (PSDB), que irá para o segundo turno em São Pailo, também seguiu a mesma linha. "Ele [Bolsonaro] só fez o candidato dele [Celso Russomanno] afundar”, disse Covas.

Bolsonaro se defende

Pelas redes sociais, Bolsonaro se defendeu após os resultados das eleições. Disse que sua ajuda a "alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas". Mas ponderou que a esquerda "sofreu uma história derrota nessas eleições (...) numa clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar". "Para 2022, a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado. Deus, pátria e família", emendou.


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