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DEM de Rodrigo Maia apoiou PSDB nas últimas eleições presidenciais
DEM de Rodrigo Maia apoiou PSDB nas últimas eleições presidenciais| Foto: Alexssandro Loyola / PSDB na Câmara

O PSDB postou na terça-feira (3) em seu perfil no Instagram um ataque ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) por conta de cortes no orçamento do programa Minha Casa, Minha Vida. Dois dias antes, a legenda inseriu na mesma rede uma publicação em que ironizava internautas que comparavam o partido ao PT.

A postagem recebeu um comentário crítico do empresário Luciano Hang, apoiador do governo Bolsonaro, que disse ter sido “enganado” pelos tucanos. Em resposta, o perfil do PSDB disse que o partido promoveu privatizações quando presidiu a República e que no ato da venda das estatais Bolsonaro ficou “do lado do PT”.

A postura recente do partido de contestar o governo Bolsonaro reforça declarações recentes dadas pela sua principal liderança atual, o governador de São Paulo João Doria. Apesar de eleito sob o mote “bolsodoria”, o governador tem se posicionado ao lado oposto de Bolsonaro em diferentes ocasiões, como quando disse que nunca teve “alinhamento ideológico” com o presidente da República.

O movimento de afastamento da centro-direita do governo Bolsonaro não se restringe ao PSDB. O Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou notoriedade ao liderar protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e também se aproximou de Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais, tem também entrado em conflito com expoentes do bolsonarismo.

O principal líder do grupo, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), teve uma discussão pública com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por causa da derrubada do veto presidencial a um projeto que pune a disseminação das chamadas “fake news”. O próprio DEM de Kataguiri também tem buscado se desvincular do bolsonarismo.

O que PSDB e DEM buscam é influenciar um eleitorado de centro-direita que votou em Bolsonaro na eleição de 2018 e pode estar insatisfeito com o governo. Pesquisas recentes apontam que a reprovação da gestão Bolsonaro está em elevação. A dúvida é a verdadeira força eleitoral dessa centro-direita, que fracassou na última corrida eleitoral.

Centro-direita: das eleições aos dias atuais

Nos meses que antecederam a eleição presidencial, especialmente antes da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um discurso comum entre políticos de centro era o de que a população brasileira tenderia a rejeitar os “extremos” representados por Lula e Bolsonaro, líderes nas pesquisas até o momento.

A abordagem não prosperou: a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) não emplacou, os tucanos viram a diminuição do número de sua bancada no Congresso e, ao mesmo tempo, o PT mostrou força ao ir ao segundo turno presidencial e ser o partido que mais elegeu deputados federais.

O insucesso em 2018, então, deveria estimular a centro-direita a buscar outro rumo? Para a deputada federal Sheridan (PSDB-RR), o foco do partido não deve estar na eleição e sim nos desafios colocados pelo governo Bolsonaro. “As eleições estão distantes. O PSDB é um partido histórico, de grandes realizações e de uma grande responsabilidade. O foco do partido deve estar no dia a dia da política, e não em uma preocupação de se consolidar em termos eleitorais”, declarou.

A deputada avalia que o mau desempenho do partido no ano passado se deu, entre outros fatores, pelo motivo de que a disputa de 2018 “foi uma eleição para tirar pessoas, não para colocar pessoas”. “O Brasil não conheceu verdadeiramente os candidatos que estavam em disputa, e isso mudou o quadro”, declarou.

Fusão criaria maior partido do Brasil, mas é pouco provável

Em meio às possibilidades de fortalecimento da centro-direita, uma especulação colocada nos últimos dias foi a da fusão entre PSDB, DEM e também o PSD. Juntos, os partidos somam 2.888.468 filiados, o que faria da futura legenda a maior do brasil, com cerca de 500 mil integrantes a mais do que o MDB, que detém o título nos dias atuais.

A possibilidade de fusão foi noticiada em diferentes veículos de imprensa e teve como motivadora duas alterações recentes na legislação eleitoral: a cláusula de barreira, que pune partidos que não alcançaram votações expressivas, e também a proibição das coligações nas eleições proporcionais. A implantação da cláusula de barreira deve, em médio prazo, levar a uma expressiva redução do número de partidos, e já motivou duas fusões: entre PCdoB e PPL e entre Patriota e PRP.

Mas a ideia tem sido negada – ao menos no atual momento – por integrantes dos partidos citados. O presidente do DEM, o prefeito ACM Neto, de Salvador (BA), negou a possibilidade. Membros dos partidos no Congresso também não veem futuro na especulação. “A única coisa que sei a respeito é a negativa dada pelo ACM Neto”, declarou o deputado Juscelino Filho (DEM-MA).

Integrante do PSD, o deputado Éder Mauro (PA) também considerou pouco provável a aliança. Ele lembrou que o partido nasceu justamente de uma dissidência do DEM, e por isso a reunião entre os grupos seria inusitada.

Quem seria o candidato da centro-direita?

Fusões à parte, o grupo da centro-direita estuda ter um nome único para a próxima disputa presidencial. O governador João Doria, que havia se apresentado como pré-candidato ainda em 2018, é o nome mais natural para liderar a aliança. Mas o DEM também pode reivindicar protagonismo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ganhou força após liderar a aprovação da reforma da Previdência. “E o partido tem também outros nomes de qualidade, como ACM Neto e o Caiado [Ronaldo, governador de Goiás]”, acrescentou Juscelino Filho.

O apresentador Luciano Huck é também citado como um possível nome da centro-direita. Mas embora ele hoje não esteja filiado a nenhum partido, sua maior aproximação é com o Cidadania – que, sob o nome PPS foi aliado histórico de PSDB e DEM, mas tem mantido atuação um pouco mais à esquerda.

Em 2018, a maior parte dos partidos de centro-direita compuseram a coligação de Geraldo Alckmin. Entretanto, o apoio de seus membros à candidatura do tucano foi pouco além dos formalismos. Ainda no primeiro turno muitos expoentes das siglas declararam apoio a Jair Bolsonaro – entre eles, a atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina, à época líder da bancada ruralista no Congresso e deputada federal pelo DEM.

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