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Chico Rodrigues - Senado
Chico Rodrigues, ao fundo, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, à frente: gastos inusitados com dinheiro público.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Flagrado por integrantes da Polícia Federal (PF) tentando esconder dinheiro na cueca, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), ex-vice líder do governo Bolsonaro no Senado, adquiriu durante o ano de 2020, com recursos públicos, itens de supermercado que não necessariamente tem ligação direta com a manutenção de seu gabinete ou com sua atividade parlamentar. Entre os itens estão papel higiênico, rosca de coco, manteiga, café, ketchup e açúcar.

Ao longo do ano de 2020, Chico Rodrigues apresentou 11 notas fiscais, no valor de R$ 2.424,62, solicitando ressarcimentos pela aquisição de materiais de escritório por meio da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), também conhecido como Cotão do Senado. Esse material foi destinado à base parlamentar de Rodrigues em Roraima. Na lista de compras de supermercado do senador, estavam itens considerados essenciais para o funcionamento de um escritório parlamentar como sacos de lixo, álcool em gel, lâmpadas e pedras sanitárias.

Porém, em meio a essas compras, foram incluídos produtos que não necessariamente são vistos como fundamentais para o bom funcionamento de um escritório parlamentar. Em janeiro, durante o recesso do Poder Legislativo, o senador adquiriu um pote de requeijão com recursos do Senado, um pacote de rosquinha de coco de 400 gramas e dois pacotes de biscoitos de pizza, além de 2,25 kg de café e 1,2 kg de leite em pó.

Já em março, além de 1,5 kg de café e dois pacotes de 400 gramas cada de rosquinhas de coco, o senador ainda usou recursos públicos para pagar por 5 kg de açúcar, um pacote de canela em pó e um pack com 22 unidades de papel higiênico. Pequenas porções de leite ninho em pó e café também foram adquiridas em maio.

Senado bancou pão de forma durante recesso parlamentar a Chico Rodrigues

Já em junho, em plena pandemia e durante o recesso parlamentar, outras pequenas compras do escritório de Chico Rodrigues igualmente chamam a atenção. Além de café e açúcar cristal, dinheiro público também foi usado para arcar um pote de manteiga, pão de forma sem casca e mais roscas de coco e biscoitos cream cracker. Em junho, além de um pote de manteiga de meio quilo e a latinha de leite em pó, o contribuinte brasileiro ainda bancou duas caixas de palito de dente. O valor: módicos R$ 1,96. E em outubro, o mercadinho de Rodrigues também incluiu na sua lista de compras um novo pote de requeijão e uma garrafa de ketchup Heinz.

Nota fiscal Chico Rodrigues
Até palito de dente foi pago com dinheiro público pelo gabinete do senador

Por uma brecha nas regras de utilização do Cotão, esse tipo de compra não é considerado ilegal. De acordo com o ato número 5 da primeira-secretaria do Senado, editado em 2014, é permita a aquisição de alimentos com recursos do Senado “quando em compromisso de natureza política”. Por isso, vários senadores utilizam-se desse artifício para arcar esse tipo de despesa.

O senador Chico Rodrigues foi um dos principais alvos de uma operação da Polícia Federal desencadeada para investigar desvios na aplicação de recursos destinados ao combate ao coronavírus. Na residência do senador, os policiais apreenderam em torno de R$ 30 mil. Parte das notas estaria entre as nádegas do parlamentar. Por causa do episódio, Rodrigues pode ser alvo de um processo de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar. Ele já foi destituído da função de vice-líder do governo no Senado.

A reportagem da Gazeta do Povo procurou o Senado para falar sobre seus gastos no gabinete, mas ele estava com o telefone desligado.

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