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Brasil prepara sistema de saúde para surto de coronavírus. Confira algumas medidas.
Brasil prepara sistema de saúde para surto de coronavírus. Confira algumas medidas.| Foto: Pixabay

O Brasil corre contra o tempo para se preparar para uma verdadeira guerra contra o coronavírus nas próximas semanas. Além da necessidade de mais leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), será necessário mudar protocolos de atendimento, aumentar a equipe e pedir ajuda às Forças Armadas.

A maior preocupação segue sendo a capacidade de atendimento nas UTIs. Espera-se que a maioria dos pacientes infectados com o novo coronavírus apresente sintomas leves, mas pelo menos 6% deles precisarão de unidades de terapia intensiva.

Segundo o Ministério, existem 55,1 mil unidades de terapia intensiva, metade delas na rede pública (27.455). A taxa de ocupação das UTIs atualmente é de 78%, ou seja, estariam livres pouco mais de 12 mil leitos, o que é pouco caso se concretizem as perspectivas de crescimento da doença no país.

Outro problema é a localização das UTIs, que não é harmônica entre os estados. “Nós temos concentração de leitos [de UTI] em alguns locais e déficit em outras”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, em coletiva.

Para reforçar a rede pública, o Ministério da Saúde contratou dois mil leitos de terapia intensiva, 200 deles começaram a ser distribuídos para os estados, na última terça-feira (17). Outros 340 devem ser enviados a seguir. A distribuição das UTIs pelo estado, para cidades menores, por exemplo, ficará a cargo das secretarias estaduais de saúde.

Já solicitaram leitos intensivos extras: Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Piauí, Alagoas, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Paraíba. As UTIs serão distribuídas de dez em dez unidades.

Para Gabbardo, 22% de ociosidade, o cancelamento de procedimentos cirúrgicos eletivos e a mudança de critérios adotados para ingresso e saída de UTI podem atender a necessidade. Além disso, o ministério deve passa a trocar informações com a hospitais particulares para saber qual é a ocupação, quem tem unidades ociosas, quem não tem e onde eles estão.

“Se for necessário e se chegar a essa necessidade, nós vamos requisitar leitos privados para a população brasileira, então esses leitos de sistema privado poderão ser utilizados também para os pacientes do SUS”, disse o secretário.

Foram destinados R$ 396 milhões para contratação das unidades “volantes de instalação rápida” e R$ 260 milhões para manutenção durante seis meses, a distribuição será feita através da solicitação de cada estado, que devem disponibilizar local e equipe para implementação.

Também foram liberados R$ 432 milhões para reforçar os planos de contingência dos estados. Este recurso também poderá ser usado na criação de leitos de UTI e a distribuição dos recursos deve ser  proporcional ao número de habitantes de cada ente federativo. Outros recursos podem ser disponibilizados, conforme necessidade.

O governo quer receber equipamentos de UTI que a China já deixou de usar, pela diminuição dos casos. "Estamos em contato com embaixada chinesa, para colocar o Brasil como voluntário", disse Gabbardo.

Existem equipes de saúde suficientes para atender os pacientes?

Existem 452.801 médicos no Brasil, mas não há informações exatas sobre onde trabalham. O Ministério da Saúde lançou edital para o chamamento de mais 5 mil profissionais pelo programa Mais Médicos. As inscrições para a primeira chamada vão até este domingo (22), às 18 horas, e apenas médicos com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou com diploma revalidado no Brasil podem se candidatar.

Serão feitas até cinco chamadas do programa e, a partir da terceira, médicos cubanos que trabalharam no Mais Médicos poderão se inscrever, mas terão os documentos analisados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O ministério também planeja convocar estudantes da área de saúde para atuar no surto. Segundo Gabbardo, a ideia é chamar estudantes do último ano da graduação. Médicos aposentados que queiram trabalhar voluntariamente também poderão ser chamados.

Os estudantes da área da saúde não serão pagos e devem trabalhar como voluntários. Cada prefeitura e secretaria de saúde deverá fazer a alocação dos estudantes, da mesma forma funcionará para os médicos aposentados.

O secretário calcula que até 40% dos profissionais de saúde possam se afastar do serviço durante o surto por infecção. "Mesmo com sintomas leves, esses profissionais têm de ser retirados da linha de frente", disse. De acordo com dados de janeiro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o Brasil conta com mais de 2,2 milhões de profissionais ativos na área de enfermagem, entre auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes.

Forças armadas e "navio hospital"

Segundo a equipe do ministério da Saúde, as ações dependem também da velocidade da expansão da doença. Além das verbas, novos leitos de UTI e o chamamento de novos médicos, está sendo estudada a possibilidade de importar teste rápidos como os realizados na Coreia do Sul. Esses testes são realizados sem a necessidade de enviar amostras para laboratórios.

Apesar da recomendação da Organização Mundial de saúde (OMS) para que todos os casos suspeitos sejam analisados, os hospitais testarão apenas “casos sintomáticos” mais graves, pois “não há insumo suficiente para testar todos os casos”, segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber.

O teste rápido ainda não está disponível no Brasil. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná desenvolveram um kit para diagnosticar a doença de forma mais barata. Serão distribuídos 30 mil, que devem ser enviados para a rede pública nacional – todos os estados receberão o kit até o final de março. Outros 150 mil testes serão adquiridos.

Um cruzeiro com mil quartos e outro navio com dois mil quartos serão adaptados para funcionarem como hospitais de apoio aos serviços de saúde, voltados para pacientes de baixa complexidade e isolamentos. As Forças Armadas serão acionadas para ajudar na instalação de hospitais de campanha, uma alternativa para diminuir uma possível sobrecarga dos hospitais.

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