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prévias do PSDB
João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio estão disputando o voto dos membros do PSDB nas prévias que escolherão o candidato a presidente pelo partido| Foto: Karla Vieira / Assessoria Arthur Virgílio Neto

O governador de São Paulo, João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, participaram nesta terça-feira (19) do primeiro debate das prévias tucanas para escolher o candidato que concorrerá à eleição presidencial pelo partido. A votação ocorrerá em 21 de novembro.

O clima, em geral, foi de cordialidade, sem ataques diretos, mas ao longo da conversa as diferenças entre os candidatos foram se revelando. Confira a seguir os principais momentos do debate promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico no Rio de Janeiro.

"Picuinhas" no PSDB

O clima entre Doria e Leite era cordial, mas Virgílio fez questão de colocar o dedo na ferida. Disse que não estava concorrendo à candidatura pelo partido para perder, mencionou frentes anti-Doria e anti-Leite dentro do partido e também falou que têm “percebido picuinhas” entre os outros dois concorrentes. “Eu quero a unidade do PSDB”, disse Virgílio. O governador de São Paulo tentou minimizar as preocupações do ex-prefeito de Manaus e disse que “as prévias não dividem”, mas, sim, “agregam e fortalecem” os conhecimentos dos pré-candidatos sobre os problemas do Brasil e as possíveis soluções.

Em suas considerações finais, Virgílio voltou ao assunto, dizendo que o processo de escolha de um candidato a presidente da República pelo partido é uma “chance de ouro” para unir o partido”. “Meu apelo é pelo fim do 'trique-trique', do ciúme. Ciúme é normal, mas vamos acabar com isso. Esse país merece ter sua democracia consolidada, e seu desenvolvimento consolidado”, disse o pré-candidato, emocionando-se.

Em outro momento, o amazonense defendeu que os tucanos que apoiam o governo Bolsonaro deveriam sair do partido.

Negando Bolsonaro

Os três pré-candidatos do PSDB criticaram o governo de Jair Bolsonaro, como era de se esperar, mas Leite foi pressionado por jornalistas que participaram do debate a explicar seu apoio ao atual presidente durante o segundo turno das eleições de 2018. O governador gaúcho disse que, naquele ano eleitoral, declarou seu voto em Bolsonaro, mas não fez campanha para ele.

“Fiz uma única declaração de voto, esclarecendo as minhas diferenças com o candidato. No segundo turno [das eleições a presidente em 2018] tínhamos que seguir um caminho e um desses caminhos era o PT”, afirmou Leite, criticando os casos de corrupção e a crise econômica que ocorreram durante o governo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Ainda neste tema, a jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, perguntou se, ao fazer essa escolha, Leite estava colocando as questões econômicas acima da democracia, já que o candidato Bolsonaro defendia a ditadura militar. Leite respondeu que há outras instâncias de poderes que garantem o funcionamento da democracia, além do Executivo, mas salientou que o presidente tem um papel importante na economia.

Por fim, o governador gaúcho disse que seu voto em Bolsonaro em 2018 foi um erro, mas fez questão de citar que não juntou seu nome ao do então presidenciável naquela campanha, como fez João Doria. “Eu não abracei, não fui atrás do Bolsonaro para tirar foto”.

Doria também foi questionado por seu apoio ao atual presidente da República. “Claro que é [necessário fazer a autocrítica em relação ao apoio a Bolsonaro]. E eu faço essa autocrítica. Em relação ao Bolsonaro, eu errei, assim como o Eduardo [Leite] errou. Receber a crítica, analisá-la e compreendê-la faz parte daquilo que conduz o seu destino”.

Mais críticas ao presidente

Durante o debate, os três pré-candidatos criticaram Bolsonaro por sua postura nas relações exteriores, por suas declarações e ações em relação à pandemia, chamando-o de negacionista, e disseram que o presidente não cumpriu promessas de campanha, como privatizações.

Doria fez as críticas mais contundentes e disse que, se eleito presidente, pretende acabar com as chamadas “emendas do relator” no Congresso Nacional, também conhecidas como “orçamento paralelo” e vistas como mais um mecanismo para um "toma lá, dá cá" entre Executivo e Congresso.

“Quem manda no Orçamento do governo é o presidente da Câmara. E a gente nunca fez isso na história política do Brasil, exceto agora no governo Bolsonaro”, afirmou o governador de São Paulo ao dizer que o Executivo é refém do Congresso.

Leite diz que não será candidato a vice-presidente e reforça crítica à reeleição

O tucano gaúcho afirmou que, caso não seja escolhido como candidato presidencial do partido ou como o candidato da “terceira via” em diálogo com outros partidos após as prévias do PSDB, também não será candidato à vice-presidência. Leite disse, porém, que vai apoiar o candidato escolhido. “Se não for pra liderar um projeto, eu vou ajudar, mas não como candidato a vice-presidente”.

O governador gaúcho também reafirmou seu posicionamento contrário à reeleição para os cargos do Executivo, mesmo quando pressionado por Arthur Virgílio. “O nosso modelo político é um ambiente de pouca colaboração se o eventual candidato é o governante ao cargo. Não ser candidato à reeleição no Rio Grande do Sul criou um ambiente de maior colaboração [na Assembleia Legislativa gaúcha] para a aprovação de reformas, de temas sensíveis”, disse Leite, salientando que, embora o fim da reeleição no país seja um tema que precisa ser debatido também no Congresso, não tentaria a reeleição caso fosse presidente.

Ao ser perguntado se o apoio do deputado Aécio Neves à sua pré-candidatura dentro do PSDB não o constrangia, Leite disse: “Recebo o apoio do deputado Aécio. Acho que ele, quando acusado por sua conduta deve prestar explicações, apresentar seus esclarecimentos e como qualquer cidadão, ter a presunção de inocência”.

Doria e as vacinas

Um dos principais motores da campanha de João Doria é a campanha de vacinação de São Paulo e a parceria com o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac para trazer a fabricação da Coronavac ao Brasil.

“São Paulo foi o primeiro governo a fazer o enfrentamento ao negacionismo de Bolsonaro. Eu tomei a frente, mesmo sabendo que poderia implicar em perda de popularidade. São Paulo foi o primeiro a decretar quarentena, uso de máscara e trouxe a vacina, que brigou pela vacina, que entrou no STF para garantir que ela pudesse ser aplicada e foi, em janeiro, contrariando o ministro Eduardo Pazuello, que pretendia vacinar em abril”, disse.

Contudo, Doria foi questionado sobre o motivo pelo qual esse trabalho dele como chefe do Executivo paulista durante a pandemia não resultou em popularidade nas pesquisas eleitorais. O governador, então, disse: “A partir do começo do próximo ano as pesquisas poderão indicar melhor… As pessoas vão sentir que o esforço que fizemos foi para salvar vidas, empregos, oportunidades e renda. As eleições ainda não estão no coração dos brasileiros. A partir do ano que vem, aí sim”.

Doria e Leite defenderam programas e ações de seus governos durante boa parte da conversa e foram alfinetados por Virgílio, que disse que o debate das prévias não era para promover ações dos governos estaduais, mas sim para discutir propostas para o país.

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