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Senadores do Podemos e a deputada Renata Abreu, presidente do partido
Senadores do Podemos e a deputada Renata Abreu, presidente do partido| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A chegada do senador Reguffe (DF) ao Podemos, consolidada na semana passada, transformou o partido na segunda maior bancada do Senado, com dez representantes. A legenda deve se fortalecer ainda mais nos próximos dias - a senadora Selma Arruda (MT) anunciou que se filiará à sigla na quarta-feira (18). Outros nomes podem também ingressar no partido, como o do senador Flávio Arns (PR), atualmente na Rede.

O posicionamento de destaque do Podemos no Senado, à frente de partidos tradicionais como PSDB e PT, não é resultado, entretanto, de um amplo apoio que a legenda conseguiu da população. Afinal, de todos os seus integrantes no Senado, apenas um foi eleito pelo partido, Oriovisto Guimarães (PR).

O Podemos cresceu ao conseguir explorar um nicho em crescimento, em especial dentro do Senado. A renovação vivida pela casa foi marcada pelo fortalecimento do ambiente de “nova política", e o Podemos conseguiu se apresentar como o destino ideal para os parlamentares que queriam encampar o contexto da novidade. Além disso, o fato de o partido não ter tanta tradição faz com que alguns de seus líderes consigam ocupar posição de destaque nas executivas estaduais. E outros também ingressam na legenda com a expectativa de candidatura em eleições, como a deputada federal Rose Modesto (MS), atualmente filiada ao PSDB. Ela considera entrar no Podemos para, pelo partido, ser candidata à prefeitura de Campo Grande em 2020.

Partido "sem concorrência"

O Podemos carrega o nome atual desde 2017. Naquele ano, o partido abandonou a antiga denominação de PTN, Partido Trabalhista Nacional, e buscou passar a impressão de que o novo batizado representava uma “transformação” na atuação da sigla. Presidente nacional do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP) define o partido como uma legenda "de centro, independente e ideológica". A condição, segundo a parlamentar, deixa o partido "sem concorrência" no cenário político atual. "É uma postura que atrai parlamentares, e eles percebem que unidos podem constituir uma bancada com mais musculatura", disse.

O senador Lasier Martins (RS) aponta que o discurso do combate à “velha política” é algo que também tem aproximado os parlamentares do partido. O parlamentar destaca que esse foi um dos motivos que levou o Podemos a apoiar Davi Alcolumbre (DEM-AP) na disputa pela presidência do Senado, em janeiro. Lasier desconversa que a engrandecimento do partido leve o Podemos a considerar a apresentação de uma candidatura para a sucessão de Alcolumbre, em 2021: "atualmente, não pensamos nisso. O que esperamos é que o Alcolumbre endosse a nossa ideia do 'Muda Senado'", declarou, em referência a um grupo informal que vem crescendo no parlamento. O senador ainda definiu o Podemos como “fiador” da “Lava Toga”, proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades no Poder Judiciário.

Sopa de letrinhas (e de ideologias)

Os senadores que hoje formam o Podemos e não se elegeram pelo partido chegaram ao Congresso como filiados a PSDB, Pros, PTB, PDT, PPS, PSB, MDB e Rede. Caso a senadora Selma Arruda efetive a chegada ao Podemos, o grupo terá também uma oriunda do PSL de Jair Bolsonaro.

A variedade também se dá na Câmara. Entre os deputados federais do partido estão Bacelar (BA), ligado a causas progressistas e à pauta LGBT, e também Diego Garcia (PR), vinculado à Igreja Católica e relator do Estatuto do Nascituro.

A falta de coesão ideológica é minimizada por Renata Abreu. ”A nossa principal bandeira é a participação transparente e a democracia direta. Dentro disso, podemos promover a união entre pessoas que pensam diferente", disse. Lasier Martins acrescentou que o partido é "muito rigoroso" na hora de escolher novos integrantes e que os futuros membros "leem o estatuto" antes de ingressar na legenda.

A presidente do Podemos também não atribui muito peso ao fato de o Podemos ser hoje um partido grande dentro do Congresso mesmo com a legenda tendo fracassado em sua única disputa nacional, em 2018 - na ocasião, o Podemos conquistou apenas uma vaga no Senado, 11 na Câmara e não obteve nenhum governo estadual. Além disso, a candidatura presidencial da legenda, com Alvaro Dias, patinou: foi apenas a nona colocada, com menos de um milhão de votos.

“A reestruturação do partido é muito recente. Partimos de uma estrutura de apenas quatro deputados federais. É natural que tenhamos passado por dificuldade", declarou a deputada.

Para tentar ampliar a força eleitoral, o partido aposta em nomes locais de peso para a disputa municipal de 2020, como Capitão Wagner, em Fortaleza, Wilker Barreto, em Manaus, Léo Moraes, em Porto Velho, além de Rose Modesto em Campo Grande.

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