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Atualização de dados do coronavírus no Brasil de 29 de março
Quais os próximos passos do Brasil para lidar com o coronavírus?| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em uma semana, o Brasil registrou 100 mortes a mais devido à pandemia de coronavírus. Na última segunda-feira (23), o país tinha 34 óbitos registrados. Já neste domingo (29) segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde, eram 136 casos. O número de casos confirmados também cresceu, de 1.891 na última segunda para 4.256 neste domingo. Durante o final de semana, o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) fez um balanço dos primeiros 30 dias de pandemia no Brasil e detalhou algumas medidas tomadas pelo governo para conter a crise de saúde pública.

Durante o final de semana, o Rio Grande do Norte e a Bahia registraram as primeiras mortes por coronavírus. Capital do país, Brasília também registrou o primeiro óbito. Até agora, já foram registradas mortes nos estados do Amazonas (01), Bahia (01), Ceará (05), Distrito Federal (01), Goiás (01), Paraná (02), Pernambuco (05), Piauí (01), Rio de Janeiro (17), Rio Grande do Norte (01), Rio Grande do Sul (02), Santa Catarina (01) e São Paulo (98).

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou nesta semana que o avanço da Covid-19 está sendo mais rápido do que o previsto inicialmente nas cidades de Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Neste final de semana, Mandetta mostrou um estudo do ministério que aponta que a evolução dos casos confirmados no Brasil é mais lenta que no caso da Itália – epicentro do coronavírus na Europa, que frequentemente é o país usado para alertar sobre a importância de medidas de prevenção ao contágio.

O Ministério da Saúde divulgou um gráfico que mostra a evolução diária no número de casos a partir da notificação da centésima confirmação em cada país. Depois de 15 dias a partir do caso número 100, a evolução no Brasil é a mais lenta entre os três países europeus. A Espanha foi o país com crescimento mais rápido no número de casos em 15 dias, seguida por Itália e Alemanha.

Política de testes

A política atual do Ministério da Saúde é para que sejam feitos testes de coronavírus apenas em casos graves com suspeita da doença e em profissionais da saúde e da segurança com sintomas respiratórios. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é outra: testar todos os casos suspeitos.

Em coletiva de imprensa no dia 16 de março, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que assegurar os exames é tão ou mais importante do que adotar medidas de redução da circulação de pessoas. “A forma mais eficaz de salvar vidas é quebrar a cadeia de transmissão. E para fazer isso, precisa testar e isolar. Não conseguiremos parar a pandemia se não soubermos quem está infectado. Temos uma simples mensagem: testem, testem, testem. Todos os casos suspeitos. Se eles derem positivo, isolem”, declarou.

Durante o mês de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um total de 17 testes rápidos para diagnóstico do novo coronavírus. Algumas empresas brasileiras já se mobilizaram para doação de testes rápidos no país. É o caso da Vale, que vai doar 5 milhões de kits para testes rápidos. A primeira remessa, com 500 mil unidades, chega ao Brasil nesta segunda-feira (30) à noite. As demais unidades devem chegar ao longo do mês de abril.

Política de isolamento social

Em coletiva à imprensa no final de semana, o ministro da Saúde defendeu a importância do isolamento social como forma de prevenir um colapso no sistema de saúde. Mandetta ressaltou que o isolamento diminui o número de acidentes nas estradas e isso libera leitos de UTI. “Precisamos ter racionalidade e não nos mover pelo impulso”, disse. “Vamos nos mover pela ciência e pela parte técnica, com planejamento”, completou.

O ministro, porém, criticou estados que adotaram medidas drásticas para conter a disseminação do vírus. Segundo ele, as medidas de restrição devem ser analisadas caso a caso. “Não existe quarentena vertical, não existe quarentena horizontal. Existe necessidades de arbitrar, em um determinado tempo, qual é o grau de retenção que uma sociedade deve fazer”, disse Mandetta. “O ‘lock down’ pode ser necessário em alguma cidade”, afirmou, ressaltando que medida não deve ser adotada em todo território nacional de forma desarticulada.

Uma pesquisa do Grupo de Resposta à Covid-19 do Imperial College de Londres mostrou nesta semana que, mesmo com restrições drásticas à circulação de pessoas, o Brasil pode registrar 44 mil mortes por coronavírus. No caso do isolamento vertical, quando apenas idosos e pessoas do grupo de risco são colocados em quarentena, segundo a pesquisa, pode levar à morte de 529 mil pessoas no país.

Segundo Mandetta, técnicos do ministério discutem medidas para lidar com a pandemia em conjunto com o Ministério da Saúde. Segundo o ministro, deve ser apresentado ao longo da semana um “plano mínimo que compatibilize a saúde e a economia”.

O ministro afirmou, ainda, que a pasta estuda a possibilidade de uma orientação por parte do governo federal para fechar escolas e universidades de todo o país a partir do dia 6 de abril. O Ministério da Saúde também pode sugerir o distanciamento social no ambiente de trabalho, proibição de eventos com aglomerações, como jogos de futebol, entre outras medidas. As orientações mais restritivas devem ser adotadas em abril, maio e junho.

Bolsonaro pede a volta à normalidade

Enquanto Mandetta e os técnicos do Ministério da Saúde pregam medidas de isolamento social para combater a disseminação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende medidas mais cautelosas, com o objetivo de diminuir o impacto na economia. Neste domingo (29), o presidente deixou o Palácio da Alvorada para visitar vários comércios locais ainda abertos em Brasília. O presidente visitou estabelecimentos das regiões de Taguatinga e Ceilândia, além de passar pelo Hospital das Forças Armadas (HFA).

Ao longo da semana, Bolsonaro divulgou vídeos de uma campanha do governo federal que pregava a volta à normalidade. A campanha “O Brasil não Pode Parar” acabou sendo suspensa por determinação da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Depois da repercussão negativa da campanha, o governo apagou as postagens da campanha nas redes sociais.

A Justiça também derrubou parte de um decreto do presidente que transformava em serviços essenciais as atividades de lotéricas e de igrejas em todo o país. Com isso, os estabelecimentos poderiam permanecer funcionando mesmo com determinações de governos locais para fechar o comércio.

O presidente afirmou, neste domingo (29), que cogita editar um decreto para que o trabalhador de "toda e qualquer profissão" possa voltar ao trabalho. Com isso, quem quiser trabalhar não precisaria se submeter às limitações estabelecidas por estados e municípios por causa da pandemia de coronavírus.

Atuação dos estados

Governadores têm tomado medidas restritivas para evitar o avanço da doença. É o caso de Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, entre outros. Todos os estados do país já declararam estado de emergência por causa da pandemia.

No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PSC) anunciou a prorrogação do isolamento social no estado por mais 15 dias a partir desta segunda-feira (30). O governador afirmou que o estado vai distribuir um milhão de cestas básicas, além do auxílio de R$ 600 a ser pago pelo governo federal, para trabalhadores informais e desempregados. O governador afirmou ao longo desta semana que, caso Bolsonaro defenda uma política diferente, deve baixar um decreto e se responsabilizar pelo resultado.

No Distrito Federal, o governador Ibaineis Rocha (MDB) alterou parcialmente o decreto que impôs o fechamento do comércio e decidiu liberar o funcionamento de casas lotéricas, correspondentes bancários e lojas de conveniência de postos de gasolina. Continua proibida a venda de refeições e de produtos para consumo in loco. No DF, as restrições continuam para estabelecimentos como cinemas, academias e museus além das escolas, até pelo menos o dia 5 de abril.

Já Em Santa Catarina, governador Carlos Moisés (PSL) desistiu de afrouxar as medidas de isolamento social, como havia anunciado anteriormente.

Medidas econômicas

O governo federal, o Congresso e o Judiciário já anunciaram uma série de medidas econômicas para tentar mitigar o impacto da pandemia de coronavírus na economia. Neste domingo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar à União para relaxar exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em relação à criação e expansão de programas para o combate ao novo coronavírus.

O advogado-geral da União, André Mendonça, afirmou que a flexibilização vai facilitar o apoio do governo a trabalhadores e empresários durante a crise. Para o advogado-geral da União, a decisão retira "obstáculos" da LDO e da LRF.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no sábado (28) que já passa de R$ 750 bilhões a soma de todas as medidas do governo anunciadas até agora frente à pandemia do novo coronavírus e que este valor pode aumentar.

Entre as medidas econômicas apresentadas pelo governo estão o financiamento da folha de pagamento de pequenas e médias empresas por até dois meses; redução dos juros do cheque especial e do cartão de crédito; liberação de R$ 2 bilhões de financiamento para empresas do ramo de saúde, entre outras medidas.

A Câmara também aprovou na semana passada um auxílio de R$ 600 a R$ 1.200 para trabalhadores informais. O texto ainda precisa ser votado no Senado e sancionado pelo presidente para entrar em vigor.

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