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São Paulo tem plano de retomada gradual apesar de epidemia de Covid-19
São Paulo tem plano de retomada gradual apesar de epidemia de Covid-19| Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Epicentro da Covid-19 no Brasil, o estado de São Paulo vai iniciar um processo de relaxamento da quarentena e reabertura gradual de serviços a partir de 1.º de junho. O estado, que concentra mais casos e mortes pela doença no país, apresentou um plano para a “retomada consciente”, dividido em fases e repleto de critérios para permitir os afrouxamentos, mas sem descartar a possibilidade de aplicação de medidas mais duras de distanciamento, incluindo o lockdown, caso a flexibilização dê errado.

O plano elaborado pelo estado prevê liberação gradual de serviços, em cinco fases, e também a divisão das cidades em regiões para acompanhar a relação entre incidência de casos e capacidade do sistema de saúde. O uso de máscaras, por exemplo, continuará obrigatório em todo o estado.

“Todas as decisões do governo em relação à covid-19 foram pautadas pela ciência e medicina. Aqui não há achismos”, declarou o governador João Doria. “O vírus afetou fortemente a economia do Brasil e do Estado que lidera a economia do Brasil. Mantivemos 74% das atividades em funcionamento no Estado. A nova fase do Plano São Paulo não é um relaxamento, mas um ajuste fino de acordo com as necessidades regionais. E temos dados técnicos para garantir essa retomada segura”.

Retomada consciente: cinco fases de liberação de serviços

A secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo Patrícia Ellen, explicou que a retomada dos serviços será feita de forma gradual, em cinco fases. Elas variam do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul).

  • Primeira fase ou "alerta máximo" (vermelho): prevê a liberação apenas de serviços essenciais, como a indústria e a construção civil.
  • Segunda fase ou “controle” (laranja): terá eventuais liberações. Funcionam – com restrição de fluxo, horário e distanciamento – atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shopping centers.
  • Terceira fase ou "flexibilização" (amarelo): traz maior liberação das atividades. Funcionam sem restrições algumas atividades liberadas na segunda fase além da possibilidade de abertura, com restrições, de bares, restaurantes e salões de beleza.
  • Quarta fase ou "abertura parcial" (verde): inclui restrições menores e a liberação, embora não total, de academias.
  • Quinta fase ou "normal controlado" (azul): liberação de todas as atividades com protocolos.

Os serviços de educação e transporte não tiveram faseamento definido.

Estado dividido em distritos regionais

Essa escala não será aplicada uniformemente em todo o estado. São Paulo foi dividido em 17 regiões distintas, seguindo a abrangência dos Departamentos Regionais de Saúde (DRSs). São essas estruturas que determinam a capacidade de atendimento, transferências de pacientes e remanejamento de vagas de enfermaria e UTIs nos municípios. Cada região começará o processo de flexibilização da quarentena em uma fase.

As fases são determinadas pelo acompanhamento semanal da média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes contaminados pelo coronavírus e o número de novas internações no mesmo período. Uma região só poderá passar a uma reclassificação de etapa – com restrição menor ou maior – após 14 dias do faseamento inicial, mantendo os indicadores de saúde estáveis.

Em todos os 645 municípios, a indústria e a construção civil seguem funcionando normalmente. Não há previsão para retomada de aulas presenciais e capacidade total no transporte coletivo, assim como seguem interditados espaços públicos, teatros, cinemas e eventos que gerem aglomerações – festas, shows e campeonatos.

Nenhuma cidade ou região do estado estão nas fases azul ou verde. Mas a proposta permite o início do processo de flexibilização em 583 das 645 cidades do Estado. Ficaram de fora as regiões do Vale do Ribeira, da Baixada Santista e a Grande São Paulo – com exceção da capital –, que ainda devem continuar com restrição total. A justificativa do governo estadual é de que o sistema de saúde dessas regiões está pressionado por altas taxas de ocupação de UTI e avanço de casos confirmados de pacientes com coronavírus.

Regiões como as de Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto e Sorocaba estão autorizadas a iniciar a fase 2 de reabertura. No caso da capital, a decisão de Prefeitura e governo do Estado de incluir a cidade de São Paulo na lista de municípios que poderiam começar a retomada pela fase 2 se deu por pressão da gestão Bruno Covas (PSDB), uma vez que as subprefeituras vinham relatando dificuldade de manter as restrições vigentes.

A definição do estágio de cada região do Estado causou muita polêmica entre os prefeitos – sobretudo pela capital ter ficado na fase dois, a laranja, que permite a reabertura de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers.

Lockdown não está descartado

Apesar do plano de retomada, o lockdown no estado não está descartado. “Se não houver comportamento adequado, e isso colocar em risco a vida das pessoas, poderá haver uma volta à fase anterior. O que determina isso são dados, informações e os números de UTIs disponíveis. Temos o protocolo do lockdown pronto, que está acima da fase vermelha. Esperamos não ter de avançar até ele. Não há expectativa, neste momento, de que seja aplicado. Mas, se for necessário, poderá ser”, disse Doria.

O governador ainda disse que, mesmo diante da reabertura de shoppings, "não há clima" para sair às compras. Ele recomendou que a população tente economizar dinheiro, pois ainda há um "longo tempo de convívio" com a crise da Covid-19.

"A crise não vai cessar em junho ou julho. Não é hora de consumir, de passear, de celebrar. É hora de ficar em casa. Se tiver que comprar presente no Dia dos Namorados, use a internet. Guarde seu dinheiro, mantenha sua poupança, pois ainda teremos um longo período de convívio com a covid-19. A partir do dia 1º de junho, temos uma nova quarentena. Não é liberação", alertou.

Casos da Covid-19 em alta

O Estado de São Paulo bateu um novo recorde e registrou 6.382 novos casos de Covid-19 em 24 horas nesta quinta-feira (28). Com o aumento, o Estado tem 95.865 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O número de mortes subiu para 6.980, com 268 óbitos a mais que no dia anterior.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento à Covid-19 é de 77,4% no Estado, contra 73,3% no dia anterior. Na Grande São Paulo, o índice está em 89,2% - um dia antes, era de 86,7%. Atualmente, há 12,5 mil pacientes internados em hospitais de São Paulo, sendo 4.701 em UTI e 7.805 em enfermaria.

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