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CPI da Covid
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai responder aos questionamentos da CPI da Covid no Senado.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, falarão à CPI da Covid do Senado nesta quinta-feira (6). A previsão é que Queiroga fale no período da manhã e Barra Torres seja ouvido à tarde. Eles serão os primeiros membros atuais do governo de Jair Bolsonaro a prestarem esclarecimentos à comissão — até o momento, a CPI ouviu dois ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

A expectativa é que os depoimentos de Queiroga e Barra Torres sejam também pautados por dois dos temas que mais marcaram a CPI até o momento: a vacinação contra Covid-19 e a utilização da cloroquina e de outros medicamentos sem eficiência comprovada para o combate à pandemia. A cloroquina, em especial, foi o assunto que norteou a audiência com Teich, ocorrida nesta quarta-feira (5). O ex-ministro expôs que a pressão para o uso do medicamento foi o que levou à sua demissão.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Queiroga será questionado sobre a revelação de que o ministério propagandeou um número de vacinas contratadas inferior ao real. "Queremos saber se tem ou não vacina e quais são os contratos. Vou esperar o ministro aqui com essa resposta", disse o senador em entrevista coletiva após a reunião da CPI desta quarta.

O Ministério da Saúde tem anunciado um número de doses que é aproximadamente o dobro do que foi efetivamente adquirido até agora. Em resposta oficial a um questionamento do deputado federal Gustavo Fruet (PDT-PR), a pasta admitiu ter 281 milhões de doses garantidas, e outras 282 milhões “em negociação”. O ministério vinha falando publicamente em 560 milhões de doses garantidas.

A presença de Queiroga foi requerida por quatro senadores, que apresentaram pedidos distintos: os oposicionistas Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o governista Eduardo Girão (Podemos-CE) e o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL).

Nesta quarta, o ministro da Saúde disse que "negacionismo é negar o que o governo federal tem feito no investimento na pesquisa, na ciência e na tecnologia". A crítica de "negacionista" é uma das mais atribuídas ao governo Bolsonaro na condução do combate à pandemia, pelo fato de o presidente mostrar resistência a medidas como o isolamento social e o uso de máscaras.

Já Barra Torres foi convocado pelos mesmos quatro senadores e também por Angelo Coronel (PSD-BA). O senador da Bahia justifica o pedido da presença do presidente da Anvisa por entender que a decisão da agência de reprovar o uso da vacina Sputnik V no Brasil demanda esclarecimentos.

"O processo que levou à não liberação pela Anvisa da vacina Sputnik V, produzida pelo laboratório russo Gamaleya, foi envolto em polêmicas e supostas pressões de ambos os lados. Tal processo merece ser apreciado por esta CPI e por isso é imperiosa a convocação do diretor-presidente da Anvisa, senhor Antônio Barra Torres, para que explique os procedimentos da Agência neste processo", acrescenta Coronel em sua solicitação.

Queiroga é ministro da Saúde desde março, quando sucedeu Eduardo Pazuello. Barra Torres comanda a Anvisa desde novembro do ano passado. Ele chegou a ser especulado para exercer o cargo de ministro da Saúde em mais de uma ocasião, após as quedas de Mandetta e Teich, e também em um dos períodos de instabilidade de Pazuello.

CPI da Covid aprova convocação de novas testemunhas

A CPI da Covid já definiu a agenda de trabalhos da próxima semana, quando retomará a sequência de depoimentos. Na terça-feira (11), falarão ao colegiado o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e dois executivos da Pfizer, empresa fabricante de vacinas. O ex-secretário acusou o Ministério da Saúde de "incompetência" pela demora na aquisição dos imunizantes da Pfizer.

Na quarta-feira (12) será a vez de tomar os depoimentos de representantes do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsáveis pela produção nacional das vacinas Coronovac e Oxford/AstraZeneca, respectivamente.

O ex-ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, falará na quinta-feira (13), dia que também terá o pronunciamento de um representante da União Química, empresa que no Brasil é responsável pela fabricação da vacina Sputnik V.

Segundo Omar Aziz, a CPI quer saber sobre a postura do Itamaraty diante da China durante a gestão de Araújo. Para o presidente da comissão, os ataques permanentes do ex-ministro ao país asiático podem ter prejudicado o Brasil em várias frentes.

"Vamos saber se o governo atrapalhou a chegada do IFA [ingrediente farmacêutico ativo, para fabricação de vacinas] chinês, mas não estamos tratando apenas disso. Quando você fecha parcerias comerciais e elas deixam de existir, demora anos para retomar. Não é só o vírus que mata brasileiros. Pode haver problemas econômicos. Um parceiro comercial como a China não dá para desprezar", opinou Aziz.

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