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Sessão da CPI com Francisco Araújo recebeu pouca atenção da cúpula da comissão
Sessão da CPI com Francisco Araújo recebeu pouca atenção da cúpula da comissão| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A CPI da Covid do Senado ouviu na tarde desta quinta-feira (2) Francisco Araújo, ex-secretário de Saúde do Distrito Federal. O depoimento de Araújo concluiu um dia em que a comissão teve que reagendar de última hora sua oitiva do dia, promoveu uma sessão secreta, anunciou que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma testemunha e também confirmou que não fará reuniões abertas nos próximos dias. O próximo encontro público do colegiado deve ocorrer apenas no dia 14.

Araújo falou à CPI sobre a acusação de corrupção que o levou a ser preso no ano passado. Ele, como secretário de saúde do DF, teria operado para desvirtuar licitações na compra de testes de detecção de Covid-19. Segundo a acusação, os testes adquiridos pelo Distrito Federal teriam preços superiores aos de mercado e qualidade irregular.

O ex-secretário negou as acusações. Ele disse que a compra dos produtos por um valor maior se deu pela necessidade de fazer a aquisição com velocidade. Araújo disse ainda que a qualidade dos testes foi referendada pela Anvisa, que deu o aval para o uso dos produtos no território nacional. O problema detectado nos testes, que fez parte dos incidentes que culminaram na prisão de Araújo, era que em todas as aplicações o resultado era negativo, ainda que a pessoa testada estivesse com o coronavírus. Por conta disso, o nome da operação policial que levou Araújo à cadeia foi Falso Negativo.

A sessão com Araújo atraiu pouca atenção dos membros da CPI. A cúpula da comissão, formada pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), não prestigiou a totalidade do depoimento. Outros parlamentares sempre presentes às reuniões, como Eliziane Gama (Cidadania-MA), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), também estiveram por pouco tempo na oitiva. A situação foi criticada pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que disse que os senadores "viraram as costas" para a CPI quando a comissão levou um depoente que falou sobre denúncias de irregularidades no âmbito local. Girão articula a criação de uma CPI mista, unindo Câmara e Senado, para investigar denúncias de corrupção em estados e municípios que receberam verbas federais para o combate à Covid-19.

Manhã agitada

O depoimento de Araújo se iniciou por volta de 13h30. As horas que antecederam a oitiva foram de movimentação intensa nos bastidores da CPI. Por volta de 10 horas, a comissão recebeu a informação de que o depoente esperado para o dia, o lobista Marconny Faria, não havia comparecido ao Senado e nem estava sendo localizado. A ausência fez os senadores se mobilizarem para criarem uma alternativa. Foi aí então que definiram por acionar o Judiciário para assegurar o depoimento de Faria, ainda que em outra data, e também por antecipar a oitiva com Araújo, que estava prevista para a sexta-feira (3).

Os membros da comissão promoveram também uma sessão secreta. A reunião foi realizada para a apreciação de documentos e áudios relacionados a outros processos que os parlamentares preferiram manter ocultos do público geral. O regimento do Senado prevê a realização de sessões secretas em algumas ocasiões, se esse for o interesse dos parlamentares.

Quando a reunião pública se iniciou, os senadores passaram grande parte da sessão criticando a conduta de Faria e do empresário Marcos Tolentino, que também era esperado para depor à CPI e, tal qual o lobista, apresentou um atestado médico que lhe deu o direito ao afastamento. O presidente Omar Aziz questionou o hospital Sírio Libanês pelo relatório emitido pela instituição sobre a saúde de Tolentino. O texto dizia que o empresário precisaria passar por avaliação de profissionais das áreas de cirurgia geral e psiquiatria. "Ele foi internado com coceira e agora fala de cirurgia geral e psiquiatria", contestou Aziz. A justificativa inicial para a internação de Tolentino foi o formigamento de partes do corpo. O senador Rogério Carvalho (PT-SE), que é médico, disse que o quadro de Tolentino demandaria a avaliação por neurologistas, e não pelas especialidades mencionadas.

Os senadores também anunciaram que a CPI iria pedir a prisão preventiva de Marconny Faria e a apreensão do passaporte do lobista. A medida, segundo os parlamentares, é para evitar que ele fuja do Brasil.

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