A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) encaminhou um ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o influenciador petista Thiago dos Reis seja incluído no inquérito das “milícias digitais” -- que foi prorrogado pela 10ª vez. O pedido se baseia em uma apuração que revelou que Reis alcança grande audiência com vídeos que misturam desinformação e agressividade contra adversários políticos, beneficiando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com uma reportagem do Estadão publicada nesta semana, o youtuber de 36 anos é filiado ao PT e conhecido pelo canal Plantão Brasil, que acumula mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube desde 2017.
Embora negue receber dinheiro ou informações do governo, Reis afirmou que seu canal defende a democracia, ao contrário do suposto “gabinete do ódio”.
“E já que o ministro Alexandre de Moraes está tão empenhado em acabar com fake news, dei a ele a oportunidade de incluir os esquerdistas nesse inquérito. Veremos as cenas dos próximos capítulos”, declarou Damares.
O advogado Marco Vinicius Pereira de Carvalho, que representa a parlamentar, destacou que o inquérito 4874 visa combater a desinformação. Ele argumentou que a matéria jornalística sugere que Reis, alimentado por fontes do governo, age de maneira semelhante ao nominado “gabinete do ódio” que supostamente operava no Palácio do Planalto durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Chama atenção o fato de inúmeras notícias no sentido de que o Palácio do Planalto vem amealhando influenciadores para propagarem notícias favoráveis ao governo e, nesse sentido, o denunciado é visto como um dos principais influenciadores digitais a serviço do governo. No entanto, suas publicações são recheadas de ódio, ataques e desinformação em desfavor de adversários políticos da esquerda”, afirmou Carvalho no documento enviado ao ministro Moraes.
O inquérito das milícias digitais foi aberto em 2021 e investiga a suposta existência de um grupo criminoso que se articulava nas redes sociais contra adversários. Damares e o advogado argumentam que, para atuar de forma imparcial, o inquérito deve também apurar as ações de influenciadores pró-governo que disseminam desinformação.
A reportagem do Estadão apontou que o canal de Thiago dos Reis frequentemente publica conteúdos com distorções, invenções e títulos falsos ou descontextualizados. Entre os títulos populares estão “Foto de Michelle (Bolsonaro) beijando outro homem causa alvoroço”, “Acabou pra ele - Anunciada a morte de Bolsonaro” e “Micheque abandona Bolsonaro! Quase saíram no tapa ontem”.
“Por certo, vossa excelência, ao manter o presente inquérito ativo, pretende atuar no combate a todo tipo de conduta eivada de desinformação nas redes sociais e, de forma imparcial, deve apurar a situação descrita na matéria jornalística indicada e inibir qualquer tipo de desinformação, que fere as liberdades democráticas ao induzirem o público a formarem opiniões, positivas ou negativas, muitas vezes, sob a influência de falsas premissas conscientemente propagadas, como rotineiramente ocorre com o denunciado”, concluiu Carvalho.
O STF ainda não se pronunciou sobre o pedido da parlamentar.
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