Ouça este conteúdo
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acesso “irrestrito” à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário.
O pedido foi feito no âmbito do inquérito sobre o suposto esquema de venda de joias e presentes oficiais por assessores próximos a Bolsonaro.
“Requer-se a irrestrita disponibilização dos autos principais e pertinentes apensos/anexos relativos ao acordo de colaboração premiada firmada pelo Sr. Mauro Cesar Lourena Cid, bem como do registro audiovisual integral – sem cortes ou edição de imagens e com os correspondentes códigos hash dos arquivos de mídia (dados, imagens, áudios e/ou vídeos, entre outros) – de todos os atos da referida colaboração premiada, inclusive das negociações e depoimentos prévios à celebração e homologação do acordo”, diz o pedido enviado pela defesa de Bolsonaro a Moraes, nesta quarta-feira (10).
O relatório final sobre a investigação foi entregue ao STF na última sexta (5). Após a divulgação do relatório, a PF admitiu um erro no valor de mercado estimado dos itens.
Um trecho do documento apontava que o valor de mercado estimado dos itens era de US$ 4.550.015,06 ou R$ 25.298.083,73. No entanto, a PF corrigiu a informação nesta tarde. Segundo a corporação, o montante correto estimado é de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66, como está registrado em outros trechos do documento.
Oposição cogita CPI para investigar o relatório da PF
A falha da PF fez a oposição cogitar um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o relatório.
O objetivo seria fazer uma comparação do tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro com casos envolvendo outros presidentes, como o presidente Lula (PT) que já se queixou publicamente por ter deixado a Presidência, ao fim do seu segundo mandato, com 11 containers de presentes oficiais.
“Queremos investigar desde os anos 2000, pois precisamos entender como o Lula tirou vários containers e não houve nada”, afirmou o deputado e vice-líder da oposição, Maurício Marcon (Podemos-RS), à Gazeta do Povo, na terça-feira (9).
Bolsonaro ironizou falha da PF
Ao comentar sobre a falha da PF, Bolsonaro ironizou: “Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], acervo ou PF, inclusive as armas de fogo”.