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Rodrigo Mais e ACM Neto em convenção do DEM, realizada em 2018.
Rodrigo Mais e ACM Neto em convenção do DEM, realizada em 2018.| Foto: Sivanildo Fernandes/Obrito News

Embalados com o crescimento no número de prefeituras conquistadas em 2020, dirigentes do DEM e do PSD sonham mais alto e falam, até, em entrar na disputa presidencial de 2022. Isso, porém, vai depender dos concorrentes e da força política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A empolgação é justificada: em 2020, tanto DEM quanto PSD estão entre as legendas que mais conquistaram prefeituras. O DEM, legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conquistou 459 Executivo municipais até o momento – 188 a mais do que nas últimas eleições municipais. Entre elas estão três capitais: Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Salvador (BA).

Além disso, o partido pode eleger o prefeito do Rio de JaneiroEduardo Paes concorre pela legenda na capital fluminense – e também levar a capital do Amapá, Macapá, por meio de Josiel Alcolumbreirmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Já o PSD, do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e do ministro das Comunicações, Fábio Faria, conseguiu eleger 650 prefeitos – 110 a mais que em 2016. O partido fez dois prefeitos de capitais já no primeiro turno: Alexandre Kalil, em Belo Horizonte; e Marquinhos Trad, em Campo Grande. Ambos disputavam a reeleição.

DEM tem dificuldade em encontrar possível candidato

No caso do DEM, o presidente nacional da sigla, ACM Neto, tem defendido a aliados que chegou o momento de o partido ter um protagonismo maior nas próximas eleições gerais.

Caciques do DEM acreditam que o partido vai chegar a 2020 com um capital político semelhante ao do início de 2002, quando a sigla, na época chamada PFL, cogitou lançar a ex-senadora e ex-governadora Roseana Sarney (hoje no MDB) na disputa para a Presidência da República.

A candidatura de Roseana, filha do ex-senador José Sarney, caiu por terra após uma operação da Polícia Federal desencadeada em abril daquele ano, que teve como alvo a Lunus Participações – empresa da qual o marido de Roseana, Jorge Murad, era sócio. Durante a operação, foram apreendidos R$ 1,34 milhão em espécie.

A ação policial é vista até hoje por membros do partido como o início da derrocada do partido, já que abriu caminho para a candidatura de José Serra (PSDB) naquele ano. A derrota de Serra marcou o início de 13 anos da era PT.

O problema enfrentado pelo DEM, entretanto, é encontrar um quadro que aceite encarar uma disputa presidencial. Um primeiro nome defendido por integrantes do partido é do ex-ministro Luíz Henrique Mandetta. Mandetta, porém, tem resistido à ideia, e deve disputar ou o governo ou o senado por Mato Grosso do Sul.

O presidente do DEM, ACM Neto, seria outra possibilidade. Entretanto, na Bahia, é tida como certa uma vitória do neto de Antônio Carlos Magalhães ou para o governo do estado ou em uma disputa no Senado. Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também deve disputar a reeleição com grandes chances de manter-se no cargo.

Partido cogitou convite a Luciano Huck

Por isso, durante a semana passada, membros do DEM cogitaram fazer um convite ao apresentador de TV Luciano Huck para que ele ingressasse nos quadros do partido, conforme apurou a Gazeta do Povo. O convite a Huck teria, inclusive, irritado Rodrigo Maia.

“O partido precisa participar do processo sucessório como protagonista. Acabou o período em que éramos um mero ‘puxadinho’ do PSDB”, sentenciou uma fonte ligada à executiva nacional do DEM.

Outra ala do partido, no entanto, defende que o DEM mantenha-se como um apêndice de João Doria, que deverá disputar a presidência da República em 2022. Nesse arranjo, Rodrigo Maia seria o vice de Doria nas próximas eleições gerais.

PSD já fala em candidatura, e governador do Paraná é sondado

No caso do PSD, o caminho rumo a uma candidatura própria é mais natural. O partido já fala abertamente sobre essa possibilidade. O presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, classificou o processo como importante principalmente pelo fato da proibição das coligações para as eleições a cargos legislativos. Assim, uma candidatura majoritária é vista como essencial para impulsionar os pleitos para deputados federais, estaduais e senadores.

“A prioridade do partido será examinar a tese da candidatura própria. Nas circunstâncias dessa nova legislação [que prevê o fim das coligações nas eleições proporcionais], uma candidatura própria é muito importante”, disse o presidente nacional da sigla em entrevista para a Rádio CBN. “Não tem nenhum sentido um partido com a dimensão do PSD, hoje, não colocar a possibilidade de candidatura própria”, pontuou Kassab.

Assim como ocorre no DEM, porém, o PSD vai observar cenários e quadros para 2022. Pelo menos quatro nomes são apontados como possíveis presidenciáveis dentro do PSD: o governador do Paraná, Ratinho Júnior; os senadores Otto Alencar (BA); Antônio Anastasia (MG) e o próprio ministro das Comunicações, Fábio Faria (RN). Faria, inclusive, é um dos fundadores do PSD.

Popularidade de Bolsonaro e candidatura do PT podem ser decisivas

Mesmo diante do otimismo dos caciques destas duas siglas, os dirigentes apontam que a possibilidade de vitória dependerá do nível de popularidade de Bolsonaro e do candidato a ser lançado pelo PT em 2022.

Como DEM e PSD orbitam em áreas ideológicas semelhantes, fala-se, internamente, que ambos poderiam tirar votos do próprio Bolsonaro. Entretanto, dirigentes da duas siglas ressaltam que uma forte candidatura petista em 2022 terá o curioso condão de fortalecer a do presidente da República. Em 2018, Bolsonaro venceu principalmente graças ao voto antipetista.

Líderes dos dois partidos admitem que uma candidatura de Lula ou de um membro com chances de vitória no PT beneficia diretamente Bolsonaro, pois ele pode se colocar, novamente, como a melhor alternativa para evitar que o PT volte ao poder.

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