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O empresário Luciano Hang e o relator da CPI, Renan Calheiros
O empresário Luciano Hang e o relator da CPI, Renan Calheiros| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

A reunião da CPI da Covid do Senado desta quarta-feira (29), em que a comissão ouve o depoimento do empresário Luciano Hang, é marcada até o momento pela troca de provocações entre senadores governistas e os que fazem oposição ao presidente Jair Bolsonaro, entre os parlamentares e Hang e até entre congressistas do mesmo campo ideológico. O depoimento começou por volta de 10h30 e ainda está em curso.

Os parlamentares e Hang discutem por conta de provocações mútuas feitas pelos citados. O empresário, em sua fala inicial, se recusou a prestar o compromisso de dizer a verdade. A decisão, orientada pelos seus advogados, se deu pelo fato de Hang ter sido enquadrado pela CPI como investigado, e não como testemunha.

Ainda na fala inicial, Hang pediu a veiculação de um vídeo em que, segundo ele, seria explicada a história de sua empresa, a Havan. A exibição da peça foi criticada por senadores da oposição, que consideraram o ato como uma propaganda gratuita da loja de Hang. Parlamentares oposicionistas criticaram o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), por permitir a veiculação do vídeo. Já os governistas contestaram as críticas dos adversários e viram censura no ato de pedir a interrupção da exibição do vídeo.

Ainda na fala inicial, Hang disse que sofre retaliações do meio político por ter decidido, há cinco anos, se posicionar publicamente. Ele é um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro entre os empresários. Hang falou que precisou se expor porque, antes disso, a Havan era alvo de boatos que a atribuíam como sendo propriedade de “políticos e filhos de políticos".

Os senadores questionaram a que políticos a Havan era relacionada, e Hang disse que era à ex-presidente Dilma Rousseff. Humberto Costa (PT-PE) relembrou que uma das disseminadoras do boato foi a então ativista Carla Zambelli, atualmente deputada federal pelo PSL-SP.

O empresário falou também que é favorável à vacinação e negou ter conexão com esquemas de disseminação de notícias falsas. “Nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo, nunca financiei esquema de fake news e não sou negacionista", apontou.

As animosidades se elevaram quando o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), fez seu pronunciamento inicial. Sem citar o nome de Hang, o parlamentar disse que o Brasil estava habituado a empresários que atuam como “bobo da corte” para ganhar a simpatia dos governantes da ocasião. A citação incomodou o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que disse haver desrespeito nas falas do emedebista. Marcos do Val (Podemos-ES) endossou as críticas do filho do presidente.

Flávio e Val comparecem à CPI depois de uma série de ausências nas reuniões da comissão. O parlamentar do Espírito Santo habitualmente participa das sessões de modo remoto, mas o filho do presidente não tem se feito presente. Eles e outros senadores alinhados ao governo, como Marcos Rogério (DEM-RO), Luís Carlos Heinze (PP-RS) e Jorginho Mello (PL-SC) receberam Hang antes do início do depoimento e estiveram ao lado do empresário quando ele concedeu entrevista à imprensa.

Contas no exterior

Houve novo momento de controvérsia quando Renan questionou Hang sobre se o empresário ou a Havan detêm contas no exterior. Hang disse que sim; o modo como perguntas e respostas foram formuladas, porém, desagradou os parlamentares. Os oposicionistas alegaram que Hang buscou direcionar suas respostas e ir além do que foi demandado por Renan. Já os aliados a Bolsonaro acusaram a CPI de cassar a palavra do empresário e conceder a ele tratamento diferente do concedido a outros depoentes.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a questão foi feita porque a CPI teria indícios de que a Havan utilizaria contas mantidas no exterior para financiar esquemas de notícias falsas. O empresário negou a acusação e também disse que não operou contratos com o poder público.

Briga com advogado paralisou sessão

A sessão acabou paralisada por volta de 12 horas após uma indefinição sobre a presença dos advogados de Hang na mesa do depoimento. Durante um dos momentos de bate-boca generalizado, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) acusou um dos advogados de tê-lo ofendido. O parlamentar, então, passou a pedir que Aziz expulsasse o defensor da sala.

O presidente da CPI determinou, então, que o advogado fosse removido do ambiente, e que Hang permanecesse atendido por apenas um defensor. A medida foi contestada pelo empresário e seus defensores, e também pelos senadores governistas. A situação levou a um novo quadro de discussão generalizada e levou Aziz a paralisar os trabalhos.

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