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Hacker sentado ao computador
A primeira vítima teve o celular hackeado por vingança, segundo Walter Delgatti Neto| Foto: Pixabay

Hacker confesso, Walter Delgatti Neto, também conhecido como “Vermelho”, revelou em depoimento à Polícia Federal o caminho que percorreu para descobrir os contatos telefônicos das autoridades públicas que foram hackeadas, segundo as investigações da Operação Spoofing. As informações são da GloboNews.

O modus operandi era sempre o mesmo, segundo ele. Tudo começa a partir de uma ligação ao número de telefone celular das vítimas em que tem acesso ao correio de voz. É por meio de uma mensagem no correio de voz que ele conseguia obter o código de acesso às contas do aplicativo Telegram das pessoas hackeadas.

Delgatti disse que o primeiro telefone que invadiu foi o do promotor Marcelo Zanin Bombardi, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco). Bombardi foi o responsável pelo oferecimento de uma denúncia à Justiça contra Vermelho por tráfico de drogas relacionado a medicamentos que foram apreendidos em sua casa durante uma batida policial.

A partir da agenda do Telegram do promotor, Vermelho descobriu um grupo denominado "Valoriza MPF", onde teve acesso aos números de José Roberto Robalinho, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, e de outros procuradores, e posteriormente ao telefone do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). A cada agenda acessada, mais e mais contatos eram descobertos pelo hacker.

A partir da agenda de Kim, Delgatti entrou na conta do Telegram do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que foi ministro da Justiça e secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, e depois do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Este tinha em sua agenda os números de celular de procuradores da Operação Lava Jato, como Deltan Dallagnol. A partir desse ponto, o acusado descobriu o número do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de outros magistrados.

Acusado diz que Manuela D'Ávila intermediou contato com Glenn

Delgatti afirmou que verificou nas conversas da Lava Jato que ele acessou supostas irregularidades e que, por isso, decidiu divulgá-las de forma anônima ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, por saber da atuação dele no caso Eduard Snowden. Que obteve o contato do jornalista com auxílio da ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), cujo contato já havia sido obtido a partir da agenda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que por sua vez foi extraído da agenda do ex-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB).

Delgatti disse que ligou para Manuela no Dia das Mães deste ano afirmando que tinha acessado conteúdos comprometedores da Lava Jato e queria repassá-los a Greenwald. O hacker teria percebido que ela estava acreditando na história e, por isso, enviou a ela uma gravação de áudios de dois procuradores. No mesmo dia, ele recebeu uma mensagem via Telegram do jornalista.

O hacker disse que não recebeu qualquer vantagem financeira ao divulgar as conversas a Greenwald e que não fez nenhuma edição do conteúdo. Vermelho está preso desde a terça-feira (23), em Brasília, por ordem do juiz federal Vallisney Oliveira.

Outro lado

Um dos advogados de Walter Delgatti Neto, Ronei Faria não quis comentar o teor do depoimento de Delgatti divulgado pela GloboNews e pelo portal G1.

Faria disse que seu cliente está sendo ouvido novamente na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, que vai reiterar um pedido para que Delgatti seja liberado após acabar o prazo da prisão temporária decretada contra ele. A prisão temporária dele expira neste sábado (27).

O juiz Valisney Oliveira, da Justiça Federal de Brasília, que decretou a prisão, determinou que os quatro suspeitos presos fossem colocados imediatamente em liberdade após o término do prazo. A PF pode pedir a prorrogação da prisão, por mais cinco dias, ou ainda a conversão da prisão em preventiva (sem prazo para acabar).

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