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Brazil Conference: Alckmin, Ciro e Meirelles criticam Bolsonaro | Crédito da foto: Raphael Sibilla/Gazeta do Povo
Brazil Conference: Alckmin, Ciro e Meirelles criticam Bolsonaro | Crédito da foto: Raphael Sibilla/Gazeta do Povo| Foto:

“Imbecil”, “Entreguista”, “Errático”. As críticas feitas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e aos seus três primeiros meses de mandato foram bastante duras na noite de sexta-feira (6) em Harvard durante o Brazil Conference, evento que está sendo realizado em Boston, nos Estados Unidos. Em um debate em que participaram os ex-candidatos à presidência Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles MDB), o início do Governo Bolsonaro foi classificado como uma “grande confusão” e chamado de “improvisado”.

Geraldo Alckmin e Ciro Gomes foram mais incisivos em suas críticas ao atual presidente. Ciro, terceiro mais votado na última eleição, fez ataques pessoais à Bolsonaro “o Brasil optou por um idiota” “temos um imbecil líder de uma das maiores nações do planeta”. Alckmin, ex-governador de São Paulo, falou que “estranhamente há um derretimento muito rápido do Governo” e que o atual presidente comete erros ao criar factoides para discutir “se o Nazismo era de esquerda ou de direita ou se houve golpe em 64”. E desqualificou o termo ‘nova política’ usado por Bolsonaro. “Não existe nova e velha política, e sim boa e má política”.

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Já Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer e atual Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, questionou “o que o País está fazendo pra reverter esta queda de produtividade, porque isso é que vai fazer a renda média dos brasileiros aumentar e vai definir o padrão de vida da população brasileira”.

A política externa do atual governo também foi duramente criticada. Geraldo Alckmin a classificou como “errática” e afirmou que “estamos criando sem necessidade nenhuma um atrito com o mundo árabe, num setor crítico que é o agronegócio, isso é inadmissível”. Ciro Gomes manteve o mesmo tom do tucano “O Brasil está insultando a China, nosso maior parceiro comercial” e ainda falou sobre a aproximação com o Governo de Donald Trump chamando Bolsonaro de “entreguista” e “traidor da pátria”, e que a visita recente à Casa Branca foi “uma vassalagem vergonhosa, coisa nojenta”.

Reformas

A reforma da previdência foi um tema bastante discutido. Os três ex-presidenciáveis admitiram a necessidade de se fazer uma reforma do atual sistema, mas sem apoiar a reforma proposta pelo ministro da Economia Paulo Guedes. “Vão fazer uma reforma só em cima do trabalhador pobre. Precisamos ter foco na justiça social”, afirmou Geraldo Alckmin que disse que o Brasil precisa de outras reformas, e lembrou que ele e o PSDB apoiaram a reforma trabalhista do Governo Temer. “O custo do dinheiro é muito alto no Brasil, um conjunto de reformas é importante. Reforma bancária, reforma tributária, reduzir o imposto da pessoa jurídica”. Henrique Meirelles disse que o foco tem que estar “no combate à desigualdade social e na questão da educação básica, que são grandes problemas”.

Geraldo Alckmin também propôs uma reforma política. “Nosso modelo de sistema eleitoral parece equivocado, a sociedade mudou nas últimas décadas. Os partidos políticos se enfraqueceram, estão artificiais”. Por outro lado, Henrique Meirelles defendeu a atual democracia brasileira “fato concreto que temos uma independência do Judiciário e do Ministério Público. O Brasil tem tido eleições regulares desde o fim do Regime Militar”.

Militares e oposição

Ciro Gomes falou da forte presença de militares no governo Bolsonaro e disse que o distanciamento entre os generais e Bolsonaro é cada vez maior. “Os militares estão horrorizados. Eles compreendem a vida. Não entendem de política, mas compreendem de política”. O ex-candidato também afirmou que o vice-presidente Hamilton Mourão “está cobiçando o cargo descuidadamente” e que não tem certeza se Bolsonaro chegará ao fim do mandato. “O governo Bolsonaro está na antecedência de uma grande confusão. Não é impeachment, não há organização para isso. Talvez uma renúncia. Tem muito mais cara de Jânio Quadros, despreparado, o exercício do poder sem compreender”, concluiu Ciro Gomes que foi aplaudido pela plateia.

Fernando Haddad, candidato do PT derrotado no segundo turno das eleições, cancelou a sua participação no painel. Já o vice-presidente Hamilton Mourão chegou na noite de sexta à Boston. Neste sábado (6),  Mourão irá se reunir com estudantes de Harvard e representantes da comunidade brasileira em Massachusetts e no domingo (7) fará a palestra de encerramento da Brazil Conference.

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