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Madeira de desmatamento apreendida em operação no Pará: 65 km² de mata foram devastados no estado entre 1º de fevereiro e 26 de março deste ano.
Madeira de desmatamento apreendida em operação no Pará: 65 km² de mata foram devastados no estado entre 1º de fevereiro e 26 de março deste ano.| Foto: Agência Pará

A extração ilegal de madeira corre em ritmo acelerado na Amazônia, fazendo com que o volume do desmatamento acumulado de agosto de 2019 a março deste ano já chegue ao dobro do verificado no mesmo intervalo anterior, quando a derrubada recorde da floresta virou alerta global. Uma área superior a três vezes a cidade de São Paulo já foi abaixo neste período.

Os números são do próprio governo federal. O jornal levantou os dados no Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para orientar ações de fiscalização contra o desmatamento. Foram checados os cortes feitos de agosto (mês em que começa a medição oficial) até 26 de março, data mais atual disponível.

Os dados mostram que o desmatamento nesses últimos oito meses atingiu uma área de nada menos que 5.076 quilômetros quadrados (km²) da Amazônia, mais de três vezes o tamanho da capital paulista, com seus 1.521 km². Esse volume de corte é quase o dobro do que foi verificado no mesmo intervalo anterior, de agosto de 2018 a março de 2019, quando 2.649 km² de floresta foram devastados. Se observado o intervalo de agosto de 2017 a março de 2018, o número era ainda menor, de 2.433 km².

Uma das situações mais críticas é a do Pará, que concentrou 44% do desmatamento. Os satélites do Deter mostram que, de 1º de fevereiro a 26 de março, 65 km² de mata foram devastados no Pará, ante 62 km² verificados nos dois meses completos do ano passado. Em Rondônia, outro estado que lidera os índices de desmatamento, o corte ilegal também já supera o de fevereiro e março de 2019 e chega a 43 km² nos dois meses deste ano.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sustenta que os alertas do desmatamento são apenas uma referência da situação e têm inconsistências, por causa da incidência de nuvens no período. Ocorre que os dados consolidados e usados pelo governo como a informação mais precisa sobre o desmatamento — o sistema Prodes — sempre resulta em um volume muito maior de área devastada. Em média, o volume confirmado fica 33% acima do verificado pelo Deter.

No período de agosto de 2018 a julho de 2019, por exemplo, quando o Deter captou 6.839 km² de área devastada, o Prodes detalhou a situação e concluiu que o desmatamento total na região amazônica havia atingido 10,1 mil km², maior volume dos últimos 11 anos. Mantida a média de alertas verificados até agora, portanto, tudo indica que o intervalo de agosto de 2019 a julho deste ano vai registrar novo volume recorde de desmatamento no País.

Pará pede apoio ao governo federal contra desmatamento

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) disse que pediu apoio federal imediato. "É um volume assustador de desmatamento. Se não houver uma medida drástica e imediata de fiscalização, não haverá mais tempo. Vamos ter um ano de 2020 pior que o ano passado", disse. “É preciso lembrar que estamos no período chuvoso e que, portanto, é retirada de madeira, não é queimada. Na hora em que o período chuvoso acabar, poder ter um crescimento absurdo.”

Questionado, o Ibama informa que tem mantido as operações em campo na região, mas prioriza algumas ações consideradas prioritárias. A Amazônia Legal integra os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. No Pará, diz Helder Barbalho, o Ibama conta com apenas 48 servidores para cuidar de todo o território do estado. "É uma presença absolutamente rarefeita", diz. "Se continuar desse jeito, quando acabar o coronavírus o nível de derrubada da floresta será estratosférico."

Na próxima segunda-feira (13) começa a operar no Pará a Força Estadual de Combate ao Desmatamento, criada em janeiro. Um grupo de 100 agentes ambientais será remunerado para entrar na floresta, pagos por recursos repatriados pela Operação Lava Jato, por meio da Petrobras.

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