O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, discursou nesta quarta-feira (11) em Washington, na Heritage Foundation, uma fundação norte-americana dedicada a promover o conservadorismo e o livre mercado nos Estados Unidos.
Em uma apresentação seguida de perguntas e respostas que levou cerca de uma hora, Araújo abordou diversas ideias caras a alguns movimentos conservadores, como os riscos do globalismo – isto é, uma ideologia de moldes marxistas que procura suprimir a diversidade de tradições culturais no mundo para promover uma espécie de engenharia social global –, e tratou do tema que tem colocado o governo do Brasil em evidência no cenário internacional: as queimadas na Amazônia.
O ministro acusou o "climatismo" – isto é, o uso ideológico das mudanças climáticas no mundo – como responsável por construir uma falsa narrativa de que o governo Bolsonaro estaria provocando as queimadas. Para justificar essa opinião, começou citando o relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
"Há uma mudança climática? Sim, sempre houve. É feita pelo homem? Muita gente diz que sim, mas nós não sabemos ao certo. De qualquer forma, essa mudança é catastrófica a ponto de demandar os piores sacrifícios? Não parece ser assim de acordo com um dos documentos mais importantes para o debate climático, o relatório de 2018 do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]", afirmou.
Para Araújo, o objetivo do climatismo é impedir o debate democrático e impor a adesão dos países ao sistema globalista. "Segundo os debates que têm estado em pauta, parece que o mundo está acabando. E esse é todo o objetivo do climatismo: acabar com o debate democrático normal. Os proponentes dessa ideologia querem criar o equivalente moral de uma guerra, para impor políticas públicas e restrições que vão contra as liberdades fundamentais."
Com Bolsonaro e Trump, segundo Araújo, o Brasil e os EUA estão fora do pacto globalista e, por isso, tornam-se alvos de uma campanha difamatória. "O raciocínio é mais ou menos assim: 'há uma crise climática catastrófica, que se deve ao aquecimento global, que se deve às emissões de gás carbônico, que se devem ao Brasil queimando a Amazônia. Então, vamos invadir o Brasil, como foi proposto por um artigo da revista Foreign Policy'", disse.
Esse raciocínio, segundo o ministro, facilitaria uma intervenção internacional no Brasil. "Claro que tudo pode se propor em relação a um país que está destruindo o planeta: guerra, sanções comerciais etc. O fato é que muitos, senão todos os passos desse raciocínio estão errados ou ao menos são questionáveis. O desmatamento é responsável por apenas 11% das emissões de gás carbônico no mundo, e o desmatamento no Brasil é responsável por menos de 2% das emissões."
Para Araújo, há um "uso político da mudança climática e do alarmismo climático". Segundo ele, usa-se a impressão de uma catástrofe natural com objetivos políticos, "sem estudo do fenômeno de forma real, serena, calma e científica". No passado, diz Araújo, essa desconexão entre as ideias e a realidade "foi a marca de ditaduras".
Como exemplo positivo contrário a essa tendência, Araújo citou de forma elogiosa a Alemanha e afirmou que o país tem sido sensato em relação à polêmica das queimadas. "Desde que esse episódio começou, tivemos diálogos de muito bom senso. Eles querem fazer negócios com a gente, e nós queremos fazer negócios com eles. Pediram à Comissão Europeia para fazer um estudo sobre o impacto real e a dimensão real das queimadas na Amazônia, que mostrou, basicamente, que os números estão na média. É um bom exemplo de 'não-ideologia', de olhar para a situação e examiná-la de acordo com o dado da realidade."
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