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Chanceler Ernesto Araújo disse que Brasil está tratando declaração de Trump sobre a taxação do aço brasileiro com "muita tranquilidade".
Chanceler Ernesto Araújo disse que Brasil está tratando declaração de Trump sobre a taxação do aço brasileiro com “muita tranquilidade”.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acredita que o presidente dos EUA, Donald Trump, foi influenciado pelo cenário pré-eleitoral norte-americano ao anunciar a volta da taxação à importação de aço e alumínio do Brasil.

“Temos um cenário pré-eleitoral nos Estados Unidos, pensando daqui a um ano nas eleições. O governo Trump tem sido muito intenso na sua defesa de interesses do seu mercado – e nós, também, cada um à sua maneira. Claro que sempre tem a ver com a situação doméstica. Nós queremos entender e ver qual é esse contexto”, afirmou Araújo em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (2).

Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington e futuro embaixador, está se reunindo com autoridades norte-americanas para esclarecer a situação.

“Estamos tratando isso com muita tranquilidade. É claro que, se realmente for como anunciado, é uma coisa que tem um impacto muito importante para o setor. Nós vamos fazer o que for necessário para defender os interesses do nosso setor exportador e acreditamos que teremos espaço para isso.”

Segundo Araújo, o Itamaraty quer “entender melhor qual seria o escopo” da medida proposta por Trump e, depois, “agir de acordo, buscando um diálogo com nossos parceiros americanos”.

Para o ministro, há um erro na interpretação dos norte-americanos de como o governo brasileiro lida com o seu câmbio. “O presidente Trump mencionou o tema cambial. O Brasil tem um câmbio flutuante, não tem nenhum tipo de manipulação cambial. É o tipo de coisa que a gente espera ter espaços para ir esclarecendo”, disse Araújo.

Anúncio foi feito pelo Twitter

A elevação das tarifas para importação de aço e alumínio vindos do Brasil e da Argentina foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na manhã desta segunda-feira (2), em um post no Twitter. Trump acusou os dois países de provocar a desvalorização de suas moedas de forma deliberada.

Segundo ele, a valorização do dólar, nesses casos, prejudica os produtores dos EUA – tanto de produtos manufaturados quanto de commodities. "O Federal Reserve deve atuar para que países como esses não tirem vantagem do dólar forte, por meio da desvalorização de suas próprias moedas", disse o presidente em uma das publicações. O anúncio surpreendeu o governo brasileiro, que tem uma relação de proximidade política e ideológica com o governo dos EUA.

O aumento na tarifa de importação do aço e do alumínio do Brasil é, na verdade, a restauração de uma alteração implementada pelo governo norte-americano em março de 2018. Naquele mês, os EUA sobretaxaram as importações de aço em 25% e de alumínio em 10%, em um dos capítulos da guerra comercial com a China.

Em agosto de 2018, porém, o governo norte-americano revogou a medida para alguns países, incluindo Brasil e Argentina. Agora, de acordo com o anúncio de Trump, o governo norte-americano irá voltar a sobretaxar as matérias-primas dos dois países, mas ainda não há definição quanto aos valores das tarifas.

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