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Baleia Rossi - MDB - Arthur Lira - eleições
Baleia Rossi (MDB-SP) é candidato à presidência da Câmara| Foto: Divulgação

Ao longo da campanha pela presidência da Câmara, o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), tem contado com o apoio dos partidos da esquerda – dentre os quais o PT, PSB, PDT e PCdoB. Essa aliança não se resume apenas à manifestação oficial de votos. Nos bastidores, membros desses partidos têm trabalhado intensamente para obter votos em favor do emedebista – inclusive dentre se suas próprias legendas, pois mesmo dentro da esquerda há dissidências a favor de Arthur Lira (PP-AL), principal adversário de Baleia Rossi. Mas, ao mesmo tempo, o apoio da esquerda tem sido a justificativa de deputados de outros partidos aliados ao candidato do MDB a escolherem Lira.

O líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), tem feito o corpo a corpo junto aos deputados do PSB e de outros partidos para convencê-los a votar em Baleia Rossi.

“O Congresso reafirma sua importância em defesa da democracia. O PSB se orgulha de formar, junto com outros 11 partidos, a União da Democracia e da Liberdade para derrotar Bolsonaro na eleição da presidência da Câmara”, disse Molon por meio das redes sociais.

O esforço de Molon se justifica. O PSB tem 30 deputados. Mas não há garantias de que todos votarão em bloco conforme foi acertado com o MDB. Há uma ala dentro da sigla que entende ser importante apoiar o candidato do governo, Arthur Lira (PP-AL), mesmo contra a orientação passada até pela executiva nacional da agremiação.

O PDT também enfrenta situação semelhante. Com 26 parlamentares, há a expectativa de que pelo menos seis deputados do partido não sigam a orientação da sigla e votem em favor do candidato do governo.

No caso do PCdoB, a líder do partido, Perpétua Almeida (AC), tem viajado junto com Baleia Rossi para estados como Mato Grosso e Bahia buscando maior apoio das bancadas em nome da candidatura do emedebista.

No Maranhão, o governador do estado, Flávio Dino (PCdoB), também tem apelado para que os deputados votem em favor do líder do MDB na Câmara. “A Câmara não pode dar as costas para o povo e eleger candidato comprometido com Bolsonaro, que representa a asfixia do país política e economicamente, cuja omissão já matou mais de 200 mil brasileiros de Covid”, disse a deputada Perpétua Almeida.

Há também ações pontuais de sindicatos e entidades de classe para pressionar as bancadas mais ligadas ao setor público, que não necessariamente fazem parte dos partidos de esquerda. Nas últimas duas semanas, entidades classistas têm pressionado seus parlamentares a adotar uma postura de apoio a Baleia Rossi. Principalmente por reconhecerem que dificilmente terão condições de negociar uma reforma administrativa mais branda, caso Lira vença a disputa na Câmara.

Parte dos deputados de esquerda votará em Lira para evitar futuras retaliações

Nos bastidores, apesar da pressão dos líderes, alguns deputados da esquerda vêm sinalizando votar a favor de Lira para evitar retaliações futuras, caso ele venha a vencer a disputa contra Baleia Rossi.

Lira é conhecido por cumprir acordos, mas também por dificultar a vida daqueles que o enfrentam. A família Calheiros (do senador Renan Calheiros, do MDB-AL), em Alagoas, já foi alvo das retaliações do grupo de Lira em diversas oportunidades.

Dissidentes usam aliança com a esquerda para descartar Baleia Rossi

A aliança de Baleia Rossi com partidos de esquerda tem sido utilizada como subterfúgio para que parlamentares de outras siglas aliadas do emedebistas “traiam” a orientação partidária de suas lideranças na Câmara. Isso se verifica principalmente no PSL e no DEM do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) – o principal cabo eleitoral de Baleia Rossi.

No caso do PSL, os deputados bolsonaristas encabeçaram um movimento para sair do bloco de Rossi. Inicialmente, o PSL estava do lado de Baleia Rossi, por intermédio do presidente do partido, Luciano Bivar. Porém, os deputados bolsonaristas iniciaram um motim e conseguiram formar maioria para sair do bloco. Agora, oficialmente, o PSL está do lado de Lira.

Oficialmente, os deputados do PSL que iniciaram esse motim alegaram desconforto por dividir espaço em um bloco parlamentar com o PT. Nos bastidores, porém, a ala bolsonarista, que sempre foi refratária à uma aliança com Lira, avaliou que o deputado do PP tinha mais chances de vitória e que eles não poderiam perder espaço em comissões temáticas caso Baleia Rossi fosse derrotado.

A situação é parecida com uma ala minoritária de oito deputados do DEM. Incentivados pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), preterido por Maia na indicação para disputar a presidência da Câmara, esses parlamentares têm utilizado o discurso de que não gostariam de ficar ao lado do PT para também justificar o voto contrário à orientação da liderança da sigla.

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