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Estudantes de medicina e outras áreas da saúde poderão trabalhar como voluntários no enfrentamento ao novo coronavírus no Brasil.
Estudantes de Medicina e outras áreas da saúde poderão trabalhar como voluntários no enfrentamento ao novo coronavírus no Brasil.| Foto: Pixabay

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pretende adiantar a formatura de estudantes de Medicina para que eles possam atuar no combate ao coronavírus. Em uma videoconferência com prefeitos de capitais, no último domingo (22), o ministro disse que a medida está sendo discutida com o Ministério da Educação. Não é primeira vez que o ministro fala da necessidade de colocar médicos jovens na linha de frente desde que a Covid-19 começou a avançar pelo país. O presidente Jair Bolsonaro também participou da reunião.

“Eles já fizeram 99,9% do curso de Medicina. Agora é só uma questão de burocracia”, ressaltou o ministro, lembrando que esses estudantes deveriam receber o diploma no meio do ano. A Itália adotou medida semelhante para tentar conter a pandemia. O ministro pontuou que a decisão final será do Ministério da Educação.

Os recém-formados não vão tratar de casos mais críticos. A intenção que eles desafoguem o atendimento as primeiras etapas do atendimento dos infectados e que, assim, ajudem a melhorar o aproveitamento de profissionais na linha de frente.

Um dos objetivos em trazer médicos mais jovens para combate a Covid-19 é proteger profissionais mais velhos. Mandetta afirmou que médicos com mais de 60 anos devem continuar trabalhando, porém em áreas estratégicas e de menor risco de exposição.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, calcula que até 40% dos profissionais de saúde possam se afastar do serviço durante o surto por infecção. "Mesmo com sintomas leves, esses profissionais têm de ser retirados da linha de frente", disse. E pessoas com mais de 60 anos fazem parte do grupo de risco.

Não são só estudantes de Medicina que serão convocados

A possibilidade de adiantar formaturas em alguns meses está sendo discutida com a pasta comandada por Abraham Weintraub. Na sexta-feira (20), o MEC adiantou parte das pautas defendidas por Mandetta, ao publicar uma portaria com regras sobre a atuação de alunos dos cursos da área de saúde no combate à pandemia do coronavírus. O ministro da Saúde já havia defendido em, entrevistas coletivas, a necessidade de chamar estudantes em fases finais de cursos da área da saúde para trabalhos voluntários durante a crise.

Com a portaria, o MEC autorizada alunos nos dois últimos anos do curso de Medicina, e do último ano dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia do sistema federal de ensino, a realizar o estágio curricular obrigatório em unidades básicas de saúde, unidades de pronto-atendimento, rede hospitalar e comunidades a serem especificadas pelo Ministério da Saúde, enquanto durar a situação de emergência de saúde pública.

A permissão é temporária, mas a carga horária trabalhada vai contar como estágio obrigatório e poderá dar pontos para o ingresso em cursos de residência.

Ministro quer treinar médicos residentes para trabalhar em UTIs

Mandetta também quer que médicos residentes sejam treinados para combater o coronavírus, principalmente para atuar em centros de terapia intensiva. Segundo o ministro, o país tem 70 mil profissionais recém-formados em período de residência.

"Vamos antecipar agora os meninos do sexto ano, que faltam um ou dois meses para se formarem.  Vamos acelerar. Esses meninos são jovens. Não têm experiência, mas podem fazer uma parte do atendimento. Têm 7,3 mil horas de capacitação. Façam uma imersão para eles", pediu o ministro para os hospitais.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse na última semana, em entrevista coletiva, que os estudantes da área da saúde não serão pagos e devem trabalhar como voluntários.

Como funcionará os estágios já autorizados pelo MEC para alunos da área da saúde

Segundo a portaria do MEC, os alunos de Medicina que participarem do esforço de contenção da pandemia de Covid-19 deverão atuar exclusivamente nas áreas de clínica médica, pediatria e saúde coletiva, no apoio às famílias e aos grupos de risco, de acordo com as especificidades do curso. Já os alunos de Fisioterapia, Enfermagem e Farmácia atuarão em áreas compatíveis com os estágios e as práticas específicas de cada curso.

O trabalho realizado pelos estudantes deverá ser supervisionado por profissionais da saúde com registro nos respectivos conselhos profissionais competentes, bem como sob orientação docente realizada pela Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), preferencialmente. É responsabilidade da UNA-SUS emitir o certificado da participação do aluno, com a respectiva carga horária.

Para os futuros profissionais de saúde, a realização do estágio obrigatório na área de clínica médica, pediatria e saúde coletiva não os desobriga de cumprir a carga horária prevista para o estágio em outras áreas, de cursar matérias obrigatórias em outras áreas (de acordo com o projeto pedagógico do curso ao qual está matriculado e na forma estipulada pela instituição de ensino).

Estados e municípios já começaram a chamar estudantes de Medicina

A seleção, treinamento e o local onde esses estudantes voluntários e médicos recém-formados devem ficar está a cargo das secretarias municipais e estaduais de Saúde, com a orientação do Ministério da Saúde.

Antes mesmo da portaria editada pelo MEC ser publicada, a Secretaria Municipal de Saúde Curitiba já tinha disponibilizado formulário para estudantes voluntários para atuarem em unidades de saúde, centrais de atendimento e durante a vacinação contra gripe, que começou na segunda-feira (23).

Na Bahia, alunos dos últimos de ano Medicina farão triagem por telefone para evitar deslocamentos desnecessários. Segundo o jornal Correio 24h, a coordenação das ações está a cargo de equipes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e contará com a colaboração de universidades públicas e privadas do estado, como a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e UniFTC.

O trabalho será integrado com as secretarias de Saúde dos municípios baianos. A intenção é realizar 1.440 atendimentos por dia. As ligações serão gratuitas.

Governo federal também terá 5,8 mil novos médicos

O Ministério da Saúde também vai contratar 5,8 mil profissionais de Medicina, por meio do programa Mais Médicos, para reforçar o combate ao coronavírus. O edital de contração foi publicado no último dia 12, no Diário Oficial da União. A perspectiva é de que eles comecem a trabalhar em abril.

Serão feitas até cinco chamadas do Mais Médicos e, a partir da terceira, médicos cubanos que trabalharam no programa poderão se inscrever, mas terão os documentos analisados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

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