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Em 2018 o presidente Bolsonaro teve o apoio de quase 70% dos eleitores evangélicos
Em 2018 o presidente Bolsonaro teve o apoio de quase 70% dos eleitores evangélicos| Foto: Carolina Antunes/PR

Representando cerca de 30% dos brasileiros, os evangélicos sempre foram alvo de cobiça pelos candidatos à presidência da República. Para a disputa de 2022, o presidente Jair Bolsonaro já desponta como favorito por este grupo e deve manter o apoio conquistado ainda nas eleições de 2018.

Um levantamento do instituto Inteligência, Pesquisa e Consultoria (Ipec), divulgado no começo de março, mostrou que, 40% dos eleitores evangélicos avaliam o atual governo como “ótimo ou bom”. Neste segmento, apenas 27% consideram o governo “ruim ou péssimo”.

Recentemente, líderes religiosos das principais igrejas evangélicas estiveram no Palácio do Planalto para reforçar o apoio ao presidente Bolsonaro. A ideia do grupo foi de mostrar que nem mesmo a possibilidade de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula deve afastar os evangélicos do atual governo.

“O Lula não terá espaço com os evangélicos”, garantiu o pastor Silas Malafaia logo após o encontro em Brasília. Na mesma linha, o líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), aproveitou para se declarar satisfeito com Bolsonaro.

“Nunca tivemos um governo que começa e termina o dia falando em Deus. É um pouco difícil falar qualquer coisa contra esse governo. O Lula já começou declarando que é contra evangélico, que é contra a igreja”, afirmou Cezinha ao Antagonista.

No primeiro discurso após recuperar os direitos políticos, o possível candidato petista afirmou que “o papel das igrejas é orientar as pessoas, não é vender grão de feijão ou fazer culto cheio de gente sem máscara”. Integrante da frente evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) rebateu a fala de Lula. "Lava a boca pra falar da igreja, cachaceiro!!!", publicou em suas redes sociais.

Idas e vindas com o PT

A relação entre petistas e o meio evangélico sempre foi marcada por idas e vindas. Em 2006, por exemplo, cerca de 6 em cada 10 evangélicos apoiaram a reeleição de Lula e o apoio se manteve até a primeira eleição de Dilma Rousseff, em 2010.

Já em 2014, Aécio Neves (PSDB) reverteu o cenário e teve apoio de 60% dos evangélicos contra 30% de Dilma Rousseff, segundo o Datafolha. Já em 2018, Bolsonaro teve 66% da preferência desta parcela do eleitorado contra 24% de Fernando Haddad (PT), de acordo com o Ibope.

Para manter o favoritismo entre os evangélicos, Bolsonaro fez vários acenos durante os seus primeiros dois anos de governo, entre eles a defesa da pauta conservadora. Além disso, prometeu indicar um ministro “terrivelmente” evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa é de que a promessa seja cumprida em julho, com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.

"Os evangélicos estarão com Bolsonaro, pois estamos certos de três coisas: a pauta de perversão dos costumes continuará paralisada, teremos um ministro evangélico no Supremo Tribunal Federal e a embaixada brasileira estará em Jerusalém”, admitiu o pastor e deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) ao jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o parlamentar, as chances de outra candidatura ganhar o apoio dos evangélicos são nulas e encara como certa a polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022. "Todas as demais candidaturas viraram pó, pois é impossível que os dois não estejam no segundo turno", completou.

Perdão bilionário às igrejas

Nem mesmo um veto ao projeto de lei que permitia o perdão de mais de R$ 1 bilhão em multas das igrejas estremeceu a relação entre Bolsonaro e os líderes evangélicos. O chefe do Executivo vetou a medida no ano passado depois de pressão do Ministério da Economia, no entanto, indicou que o Congresso poderia derrubar o seu próprio veto. “Confesso, caso fosse Deputado ou Senador, por ocasião da análise do veto, votaria pela derrubada do mesmo”, disse o presidente na ocasião.

O artigo que havia sido vetado por Bolsonaro concede isenção às igrejas em relação ao pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e às multas por não quitação do tributo. Na época em que decidiu impedir o perdão às dívidas das igrejas, Bolsonaro afirmou nas redes sociais que tomou a decisão para evitar “um quase certo processo de impeachment”, fazendo referência a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O tema chegou a ser discutido com os pastores neste último encontro no Palácio do Planalto e dias depois entrou na lista de vetos que foram analisados pelo Congresso nesta semana. Com a articulação entre governo e a bancada evangélica, o veto acabou sendo derrubado pelos congressistas. No total, o Ministério da Economia estima que o perdão represente uma renúncia da ordem de R$ 1,4 bilhão entre 2021 e 2024.

Metodologias das pesquisas citadas na reportagem

A pesquisa do Ipec foi realizada entre os dias 19 e 23 de fevereiro de 2021, com 2.002 pessoas entrevistadas em 143 municípios.  A margem de erro é de dois pontos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.

O Datafolha ouviu 2.879 eleitores nos dias 8 e 9 de outubro de 2014. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Já o Ibope ouviu 2.506 pessoas entre os  dias 13 e 14 de outubro de 2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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