Embora o Ministério da Defesa ainda trabalhe com a possibilidade de liberação dos recursos contingenciados e dos cortes orçamentários, Exército, Marinha e Aeronáutica estudam alternativas possíveis para se manterem funcionando caso se prolongue o bloqueio e faltem recursos inclusive para as despesas correntes e de manutenção das Forças Armadas. As expectativas de que parte dos recursos seria liberada, alimentadas até agora, caíram por terra com o comentário feito pelo próprio presidente Jair Bolsonaro de que a situação das finanças públicas é tão dramática que podem faltar recursos até para a alimentação dos recrutas.
A maior parte do orçamento do Ministério da Defesa é para cobrir gastos com pessoal, que respondem por 75% das verbas. Outros 13% vão para custeio e despesas correntes, como manutenção dos quartéis, e 2% são destinados para o pagamento de dívidas. Sobra menos de 10% para investimentos, o percentual que foi mais atingido pelo contingenciamento.
Até agora, vinham sendo poupadas do congelamento, despesas com alimentação e fardamento e alguns outros gastos de custeio, como combustível para missões consideradas prioritárias. Mas, o agravamento da situação das contas públicas, pode levar o Exército, por exemplo, a dispensar antecipadamente, no início de outubro, cerca de 25 mil dos 80 mil recrutas que sairiam em dezembro.
No primeiro semestre, o corte atingiu R$ 180 milhões destinados a gastos do dia a dia, como contas de luz, gás, telefone, combustíveis. Caso não haja descongelamento de verbas, a Força também prevê reduzir operações militares e cortar expediente dos que ficarem. Atualmente, já não há expediente na sexta-feira à tarde.
Na parte dos projetos considerados estratégicos, o corte imposto pela área econômica às Forças Armadas atingiu 44% dos R$ 13,1 bilhões dos recursos destinados à Defesa, o equivalente a R$ 5,8 bilhões. A Marinha foi a mais atingida, pois teve que suspender a construção de quatro corvetas que seriam usadas na fiscalização de áreas como o pré-sal e o litoral brasileiro na chamada Amazônia Azul.
Na Força Aérea, o contingenciamento já obrigou, mais uma vez, à redução de treinamentos dos pilotos. No passado, a Força Aérea Brasileira (FAB) conseguia voar uma média de 155 mil horas por ano. Mas, nos últimos quatro anos, o tempo médio caiu para aproximadamente 125 mil horas. Em 2019, estavam previstas 115 mil horas. Esse número, no entanto, deve ficar em 95 mil.
No Exército, o Sistema de Vigilância das Fronteiras (Sisfron), um dos principais projetos da Força, foi postergado de 2025 para 2035, e poderá sofrer novos atrasos.
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