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Lula fechou acordo para PT de Fernando Haddad apoiar candidatura a prefeito de Freixo no Rio de Janeiro.
Lula fechou acordo para PT de Fernando Haddad apoiar candidatura a prefeito de Freixo no Rio de Janeiro.| Foto: Reprodução/Twitter

Todos os holofotes miraram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no sábado (9), onde ele discursou pela segunda vez desde que deixou a prisão, no dia anterior. Mas outra presença no palco também chamou a atenção e revelou parte da estratégia política que o ex-presidente irá adotar para fazer frente ao bolsonarismo: o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ).

Neste fim de semana, Lula consolidou uma aliança para apoiar Freixo na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro, no ano que vem. A candidatura do deputado do Psol pode pavimentar o caminho para a esquerda nas eleições gerais de 2022, contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Ao lado de Freixo, em São Bernardo do Campo, Lula elogiou o trabalho do deputado federal e procurou associar Jair Bolsonaro às milícias armadas que dominam algumas regiões do Rio. “(O presidente) foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro”, disparou Lula, insinuando uma ligação do clã Bolsonaro com grupos paramilitares.

Dentro dessa estratégia eleitoral, Freixo é um contraponto natural ao bolsonarismo. O deputado dedica sua carreira política ao combate das milícias no Rio. Em 2008, Freixo presidiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores da cidade, que terminou com indiciamento e prisão de vários milicianos.

Freixo também era próximo da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), que foi sua assessora durante seu mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro. Marielle foi assassinada em 2018 e os suspeitos do crime têm envolvimento com milícias.

“Ele é um contraponto natural”, diz o cientista político da PUC-PR, Masimo Della Justina. “A população do Rio de Janeiro não se sente confortável com milícias”, completa.

Para o cientista político, a discussão sobre milícias pode influenciar as eleições, independentemente de o envolvimento do presidente ser ou não real. “A questão das milícias tem apelo popular grande porque dá a ideia de um partido político, de personalidades políticas ligadas a práticas de gângster, práticas de crime, de máfia, de crime organizado”, diz.

Neste sábado (9), Freixo postou uma foto com Lula e com o petista Fernando Haddad nas redes sociais, pregando a união da esquerda de olho no ano que vem e em 2022. “Vivemos um momento crucial no Brasil e aqueles que acreditam na democracia precisam caminhar juntos contra o fascismo”, escreveu.

Freixo na eleição municipal pode pavimentar caminho da esquerda para 2022

Justina destaca que as eleições municipais são estratégicas para pavimentar o caminho para 2022. “A eleição municipal é sempre muito importante, principalmente nas grandes capitais. Mesmo que não fosse essa polarização, a disputa nas capitais é sempre um indicativo de fortalecimento para candidaturas às eleições presidenciais”, explica o cientista político.

Para Justina, a esquerda pode sair ganhando mesmo que Freixo não vença a disputa contra o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos). “Considerando a teoria dos jogos na disputa eleitoral, não necessariamente o Freixo tem que ganhar no Rio de Janeiro. A estratégia ainda vale porque a intenção maior é enfraquecer a figura de Bolsonaro e do bolsonarismo na esfera nacional”, explica o cientista político. “Mesmo que o Bolsonaro não saia arrasado do ponto de vista eleitoral da eleição municipal do Rio de Janeiro, ele pode vir a sofrer um desgaste paralelo no Brasil que pode lhe custar a eleição em 2022”, completa.

Já se o deputado vencer a disputa, a esquerda ganha um cabo eleitoral em uma capital importante do país. A cidade do Rio de Janeiro é o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo.

Na eleição de 2016, Freixo disputou a eleição contra Crivella e chegou ao segundo turno. O Psol tentou costurar uma aliança com o PT na ocasião, mas os petistas preferiram apoiar a candidatura de Jandira Feghalli (PCdoB).

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