Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Deputado do PSOL

Glauber Braga é detido em protesto no RJ; deputados cobram cassação

Deputado Glauber Braga pode ter o mandato cassado pela Câmara dos Deputados. (Foto: )

Ouça este conteúdo

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi detido nesta sexta-feira (20) durante um protesto estudantil na Universidade do Rio de Janeiro (Uerj). Ele se uniu a alguns estudantes que foram obrigados a desocupar o prédio da Reitoria com o uso da força policial, após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Desde o dia 26 de julho, quatro estudantes ocupavam a reitoria contra um Ato da universidade que promove mudanças nas regras para concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Diante da resistência para saírem do local, a reitoria da Uerj entrou com pedido de reintegração de posse.

A Tropa de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) foi acionada para intervir na reintegração. Houve confronto entre estudantes, seguranças das universidades e policiais. O deputado Glauber Braga, por estar no meio dos estudantes, foi levado e colocado dentro de um blindado de operações da corporação.

A assessoria do parlamentar confirmou a detenção e a defesa dele foi acionada para acompanhar o caso. Em nota divulgada nas redes sociais, a assessoria do deputado informou que a detenção é ilegal. 

“É uma detenção ilegal, já que um deputado federal só pode ser detido em flagrante por crime inafiançável. Assim funciona o autoritarismo e a truculência de Cláudio Castro [PL] e da reitoria da UERJ. Lutar não é crime! Abaixo o autoritarismo e a repressão."

A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), esposa do deputado Glauber Braga, também reafirmou a detenção do parlamentar. Para ela, o ato é totalmente “ilegal” e um “absurdo”. 

“Isso é totalmente ilegal, absurdo, mais uma arbitrariedade e autoritarismo do governador Cláudio Castro, mas também da reitoria da UERJ”, disse a parlamentar paulistana em vídeo publicado nas redes sociais. 

Sâmia ressaltou que “os estudantes ocupavam a reitoria desde junho por uma pauta absolutamente justa e necessária, que é a volta das bolsas de permanência estudantil para os estudantes mais pobres, que dependem dessas bolsas para conseguir desenvolver seus estudos.”

A bancada do PSOL na Câmara repudiou o “ato arbitrário” contra o deputado e disse que o ato significava um “instrumento de luta e reivindicação pela volta das bolsas de permanência dos estudantes mais vulneráveis”.

“A imediata liberação do deputado Glauber Braga e de todos os estudantes detidos é a nossa prioridade para o momento, mas não se resumirá a isso. A inconstitucionalidade da detenção do deputado Glauber Braga é explícita e tomaremos as medidas necessárias para garantir o livre exercício do mandato parlamentar, a integridade física, a liberdade de manifestação e contra o abuso policial a todas as instâncias e poderes cabíveis”, reforçou a bancada que pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), “ em vista da imunidade parlamentar”.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a PM do Rio de Janeiro para saber se o deputado segue detido, mas ainda não teve um retorno. O espaço segue aberto para atualização.

Após detenção de Braga, deputados cobram cassação

Essa não foi a primeira vez que o deputado Glauber Braga se mete em confusão. Ele vem respondendo a um processo de cassação na Câmara dos Deputados por ter agredido um militante do Movimento Brasil Livre (MBL).

Na última semana, o Conselho de Ética aprovou a admissibilidade do processo de cassação do deputado do PSOL. Agora, a decisão pela cassação segue para votação aberta no plenário e poderá resultar no arquivamento, perda de mandato ou suspensão temporária. A cassação exige votos da maioria absoluta dos deputados, ou seja, de pelo menos 257 dos 513.

O recente episódio envolvendo a detenção do deputado Glauber Braga aumentou a pressão pela cassação do parlamentar.

"Glauber Braga prega a defesa da democracia, mas constantemente age de forma autoritária e violenta. Ele será cassado, não por esse episódio, mas porque o comportamento dele há muito tempo ultrapassou todos os limites do decoro parlamentar.", disse Rodrigo Valadares (União-SE).

Para a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), o comportamento de Braga demonstra “um claro retrato da esquerda”. “É inadmissível, e não podemos tolerar o ato de um grupo tomar posse de um prédio público. Ação essa que provoca diretamente um prejuízo dentro da comunidade acadêmica, afetando alunos e professores comprometidos com a educação no país”, declarou.

Sargento Gonçalves (PL-RN) também condenou a atitude de Glauber e reforçou que o desrespeito à autoridade policial precisa ser combatido: "Um deputado que agride fisicamente um cidadão e desrespeita a polícia não tem lugar no Parlamento. Ele já está com o mandato em risco no Conselho de Ética, e, pelo bem da democracia, será cassado em breve”, reforçou o deputado.

Aulas suspensas no campus para apuração dos danos

Em nota enviada à reportagem, a Uerj informou que houve a tentativa de negociação antes do protesto e confronto dos estudantes com os policiais. Sem sucesso, as forças policiais tiveram que agir. “Ao longo do procedimento, um policial se feriu e foi levado para o hospital. Entre os estudantes, não houve registro de feridos até então”, diz a universidade.

De acordo com a UERJ, alguns estudantes foram “detidos e levados para registro de ocorrência, visto que se encontravam em descumprimento de decisão judicial”. E ainda reforça que “há imagens de ataques violentos dos manifestantes, atirando pedras e até um rojão em direção à tropa de policiais”.

“A Reitoria da UERJ lamenta profundamente que, apesar de todos os esforços de negociação - oito reuniões com entidades representativas dos estudantes, audiência de conciliação com a juíza do Tribunal de Justiça -, a situação tenha chegado a esse ponto de intransigência por parte dos grupos extremistas da ocupação”, conclui a nota.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.