A Casa Civil da Presidência da República informou à Gazeta do Povo que as reformas realizadas no terceiro andar do Palácio do Planalto, em julho, para ampliar o gabinete pessoal da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, foram meros "rearranjos de rotina" e não implicaram em despesas extras. Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o jornal requereu do Executivo detalhes sobre as modificações realizadas nos espaços físicos e os valores financeiros envolvidos nelas, com materiais e mão de obra. Esses quesitos da consulta não foram respondidos.
Sobre o pedido de informações detalhadas sobre os gastos com reformas e adaptações voltadas à ampliação do gabinete de Janja, incluindo serviços contratados de terceiros e decoração, a Secretaria de Administração da Presidência da República afirmou apenas que essas atividades são desenvolvidas pela equipe técnica e, por isso, não envolvem custos adicionais.
“Somente nos últimos três meses foram realizados procedimentos dessa natureza em locais variados, como no subsolo do Palácio do Planalto, em diversos setores do terceiro andar do prédio principal e nos anexos”, sublinhou.
Informações publicadas pela Folha de S. Paulo relataram a redução de espaços em importantes salas de assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vizinhas do gabinete presidencial, para atender à demanda de melhorias feita pela primeira-dama. O conselheiro internacional Celso Amorim, o "chanceler de fato", teria sido deslocado e Fernando Igreja, chefe do cerimonial da Presidência, além de Clara Ant, assessora especial, tiveram de ceder espaços.
A Casa Civil, contudo, tratou o tema como algo corriqueiro. “Rotineiramente, a Presidência da República realiza alterações de layout em diversas áreas de trabalho, tanto no prédio principal como nos anexos. Isso é feito para promover a readequação dos espaços físicos, garantindo melhor atendimento das demandas operacionais e administrativas dos respectivos setores e adequada acomodação dos servidores”, disse o órgão.
Outras reformas pedidas por Janja
Matéria da Gazeta do Povo mostrou que Janja também esteve envolvida na supervisão e decisão sobre reformas e aquisições para as residências oficiais, como o Palácio da Alvorada, exercendo influência direta nas escolhas e nos processos de modernização desses espaços. Suas escolhas chamaram a atenção pelo elevado preço dos itens.
Janja pediu ainda a recuperação da Praça dos Três Poderes em razão de danos causados pelos protestos do 8 de Janeiro. A demanda dela foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras foram suspensas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), atendendo a recurso de empresa derrotada na licitação tocada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).
Discussão sobre compra de avião
Após informações de bastidores trazidas pela imprensa, soube-se que Janja desempenhou um papel significativo nas discussões sobre a aquisição de um novo avião presidencial, em 2023, demonstrando sua participação ativa em decisões logísticas e de infraestrutura do governo. A nova aeronave, estimada em R$ 400 milhões, substituiria o Airbus A319-ACJ. Atendendo a exigências do casal presidencial, a Força Aérea Brasileira encontrou um Airbus A330-200 registrado em nome de uma empresa com sede na Suíça para substituir o chamado Aerolula, comprado em 2004, por US$ 56,7 milhões.
Um grupo de deputados da oposição chegou a apresentar uma ação na justiça para barrar a compra do novo “Aerolula”, alegando que isso representaria um “gravíssimo dano ao erário público, desvio de finalidade e afronta ao princípio da moralidade”. A repercussão negativa da notícia fez Lula desistir da compra em setembro de 2023.
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