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Militantes do MST bloqueiam a BR 290, no km 124, em Porto Alegre, na madrugada desta sexta-feira, dia de greve geral.
Militantes do MST bloqueiam a BR 290, no km 124, em Porto Alegre, na madrugada desta sexta-feira, dia de greve geral.| Foto: Eduardo Teixeira / Estadão Conteúdo

Convocada por centrais sindicais para esta sexta-feira (14), a greve geral contra a reforma da Previdência foi prevista para ser uma manifestação silenciosa, de ruas vazias pelo país, e não necessariamente de grandes atos. Em partes, isso se justificava porque havia dúvidas sobre a adesão de categorias de trabalhadores ligadas ao transporte, que usualmente determinam o sucesso ou não de uma paralisação desse porte.

O movimento ganhou força, principalmente no início da manhã, com paralisações e interrupções nos serviços de transporte público de várias cidades brasileiras, além de bloqueios pontuais em estradas. A movimentação nas rodovias foi paralisada em alguns estados devido a mobilização de petroleiros, por exemplo. Também há reflexos da paralisação de professores e trabalhadores da educação, das redes pública e privada.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disseram que a greve geral contra a reforma da Previdência é um sucesso. "Não é uma greve de motoristas de ônibus, é de todos os trabalhadores e desempregados. Se o governo não desistir dessa proposta injusta da Previdência, vamos fazer uma greve ainda maior", afirmou Freitas. "Para os trabalhadores, só a luta faz a lei."

Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o movimento demonstra a unidade das centrais sindicais em um momento em que há milhões de desempregados e desalentados no país. "É um governo que ataca direitos dos trabalhadores. Queríamos colocar as demandas nacionais, de busca de geração de emprego e crescimento econômico", comentou Patah.

Sem transporte

Representantes de trabalhadores do transporte não davam como certa a participação na greve geral com antecedência. Em alguns casos, como em São Paulo, os sindicatos dos funcionários do Metrô, da CPTM (trens metropolitanos) e ônibus anunciaram adesão total à paralisação. Mas decisões judiciais determinaram que os serviços deveriam continuar sendo oferecidos.

O metrô parou, ainda que parcialmente. As linhas Vermelha, Azul e Verde operavam com interrupções, pois algumas estações permaneceram fechadas. A linha Prata estava paralisada. Mas a adesão não foi total: as linhas Amarela e Lilás operavam normalmente, assim como a CPTM, pois os ferroviários desistiram da greve. Os ônibus circularam normalmente.

Em Curitiba, apesar de o sindicato que representa motoristas e cobradores não ter aderido à greve, alguns coletivos não saíram das garagens das empresas nesta manhã, o que causou reflexos no serviço de transporte por um período. Situação semelhante ocorreu em Salvador, onde os trens, que atuam no subúrbio ferroviário, assim como os ônibus, não circularam pela cidade, apenas o metrô operou normalmente. Com isso, muita gente ficou impedida de se dirigir ao local de trabalho.

Na capital federal, Brasília, apesar de decisões judiciais, os ônibus coletivos não circulam nesta manhã e o metrô, que já estava em greve, segue com a operação padrão, com 75% dos trens funcionando nos horários de pico e apenas 30% nos demais horários.

Protestos

Os protestos contra a reforma da Previdência interditaram rodovias e algumas avenidas de grandes cidades, como São Paulo. Lá, manifestantes bloquearam algumas vias no início da manhã.

No Rio de Janeiro, uma manifestação interditou trecho da BR-101, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Cerca de 25 manifestantes atearam fogo em objetos na rodovia. O tráfego de veículos foi totalmente interrompido em ambos os sentidos. Policiais já haviam liberado o tráfego, mas o trânsito seguiu lento.

No Rio Grande do Sul, um grupo foi preso em flagrante pela Brigada Militar por atear fogo nos trilhos da Trensurb em Sapucaia do Sul, nesta madrugada. A assessoria de imprensa confirmou à reportagem que todos são servidores da Trensurb e que "no momento, a empresa está avaliando as medidas cabíveis em relação a esses empregados".

Um grupo incendiou ônibus de serviços de transporte coletivo, na madrugada desta sexta-feira, em ao menos quatro cidades do interior de São Paulo, horas antes de ter início a greve em protesto contra a reforma da Previdência. Em Sorocaba, dois ônibus foram incendiados no Parque Vitória Régia, zona norte da cidade. Um dos veículos incendiados desceu pela rua e atingiu uma casa. O fogo se espalhou, mas ninguém ficou ferido.

Professores

Nas escolas de São Paulo, os sindicatos dos professores das redes de ensino municipal, estadual e particular decidiram aderir ao movimento. Ao menos 33 colégios particulares de São Paulo devem ter as atividades suspensas ou interrompidas parcialmente nesta sexta-feira. Segundo o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), entre os colégios que aprovaram a greve estão o Equipe, Oswald de Andrade, Notre Dame, Escola da Vila, São Domingos, Vera Cruz e Santa Cruz. Em alguns deles, as atividades só serão suspensas em um período ou para alguma etapa de ensino.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), porém, repudiou a paralisação dos professores da rede particular e destacou que apoia a reforma da Previdência. “Não somos favoráveis à referida paralisação. Assim orientamos a todas as escolas no Estado de São Paulo, que as atividades escolares transcorram normalmente no próximo dia 14, sem o abono às eventuais faltas ocorridas”, disse o sindicato em nota.

E não foi só lá. Algumas escolas públicas em diversas regiões administrativas no Distrito Federal também suspenderam as aulas nesta sexta-feira.

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