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Combustíveis
| Foto: Pixabay

A greve dos petroleiros chegou ao 18º dia nesta terça-feira (18) e, apesar da decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarando o movimento abusivo e ilegal, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirma que a paralisação continua por tempo indeterminado. Na segunda-feira (17), eram 21 mil os trabalhadores que aderiram à paralisação em 121 unidades da Petrobras, localizadas em 13 estados. A FUP informou que irá recorrer da decisão do TST.

Desencadeada pelo fechamento de uma fábrica de fertilizantes no Paraná, a greve dos petroleiros é a mais longa desde 1995. Para impedir que ela afete o abastecimento, a Petrobras mobilizou equipes de contingência formadas por trabalhadores da própria estatal e profissionais temporários. De acordo com a empresa, não há impactos na produção de petróleo e de combustíveis.

Na semana passada, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que "nenhuma gota de petróleo deixou de ser produzida" em razão da greve.

A persistência do movimento, entretanto, levanta dúvidas sobre a efetividade das medidas de contingência em um período mais longo. Se a greve continuar, o país corre o risco de passar por um desabastecimento de combustíveis?

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", a Petrobras se prepara para importar combustível caso o movimento se prolongue.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em nota enviada à Gazeta do Povo, afirmou, apenas, que está acompanhando a greve e que "tomará medidas, caso necessário, para garantir o abastecimento nacional".

Parecer da ANP apontou para possível desabastecimento

Em um parecer encaminhado ao TST, porém, a ANP afirmou que a situação pode "causar impactos diretos na produção de derivados em função da redução de carga ou até mesmo pela parada total das refinarias". Ainda segundo o documento produzido pela agência, se não houver uma recomposição breve dos trabalhos, "toda a cadeia poderá ser afetada".

O parecer foi um dos elementos considerados pelo ministro Ives Gandra, do TST, para considerar a greve abusiva e ilegal. Em decisão monocrática, o ministro deu autorização à Petrobras para que a empresa aplique sanções aos trabalhadores que permanecerem parados. A determinação permite que a empresa realize o corte de salários, aplique sanções disciplinares e demita trabalhadores por justa causa.

A decisão passará pelo crivo do TST em julgamento no dia 9 de março.

Situação pode se agravar se caminhoneiros cruzarem os braços

Na opinião de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, é pouco provável que, na configuração que apresenta agora, a greve leve a um desabastecimento no país.

"Por enquanto não há paralisação completa da produção. Já houve outras greves, com consequências pontuais, mas nunca algo que ameace a cadeia logística brasileira ou o suprimento do país", diz o consultor David Zylbersztajn, sócio-diretor da DZ Negócios com Energia, que foi diretor-geral da ANP entre 1998 e 2001.

Edmilson dos Santos, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), concorda que, por enquanto, "não há motivos para temer". O pesquisador, porém, alerta que a situação pode se complicar caso o movimento dos caminhoneiros ganhe força – já que a distribuição dos combustíveis no país se dá, principalmente, via caminhões.

"As coisas ainda estão dispersas, mas o ambiente está muito tenso. Se a greve dos petroleiros se juntar à dos caminhoneiros, a situação sai do controle", completa Santos.

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