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Como está a saúde da democracia em São Paulo? Índice mostra diagnóstico exclusivo
| Foto: Diogo Moreira/Governo de São Paulo

Quando se trata de democracia, São Paulo está com nota vermelha. Em uma escala de 0 a 10 – que leva em conta aspectos como participação política, cultura democrática e funcionamento do governo local –, a cidade mais populosa do país tirou 5,67. O dado é do Índice de Democracia Local (IDL), lançado nesta quinta-feira (5) pelo Instituto Sivis em evento na capital paulista.

Desenvolvido pelo próprio Sivis – antigo Instituto Atuação –, o IDL é voltado para mensurar os níveis de democracia em cidades. Para isso, o instrumento coleta dados a respeito de cinco dimensões relacionadas à vida democrática: processo eleitoral; liberdade e direitos; funcionamento do governo local; participação política; e cultura democrática.

Os dados são coletados a partir de surveys realizados com especialistas (para as dimensões processo eleitoral, liberdades e direitos e funcionamento do governo local) e com a população da cidade (para as dimensões de participação política e cultura democrática).

Os resultados variam de acordo com a dimensão analisada. A que teve maior nota foi a de processo eleitoral (7,91), que inclui aspectos de competição democrática e do processo eleitoral.

Já a dimensão de participação política foi a que alcançou os piores resultados, com nota geral de 4,14. Essa dimensão inclui aspectos para além do voto e da atividade partidária, computando também a participação virtual e em associações.

Veja os resultados completos:

Política também é convivência em comunidade

O IDL não é o primeiro índice destinado a mensurar níveis de democracia. Instrumentos como o da revista "The Economist" e o da organização Freedom House estão entre os mais conhecidos, mas a literatura da área tem outros exemplos de formas de mensuração. Poucas delas, entretanto, se dedicam a entender o assunto do ponto de vista local.

Diego Moraes, pesquisador do Instituto Sivis, explica que as cidades constituem o nível mais básico de construção da vida política - e, por isso, importa compreender como os indivíduos percebem as instituições democráticas em nível local.

"Muito do que a gente vê hoje, nas crises democráticas ao redor do mundo, se conecta a um sentimento de desalento e de afastamento em relação à política. Com o IDL, a gente tenta trazer essa questão para dentro de casa. Política não é só partido ou eleição, é o cotidiano, a convivência, a resolução de problemas de forma coletiva", defende o pesquisador.

No caso de São Paulo, a aplicação do IDL revelou pontos sintomáticos do desalento em relação ao regime, como a falta de confiança em instituições democráticas (veja o relatório completo abaixo). Os resultados apontaram, por exemplo, que três em cada quatro paulistanos não confiam em instituições que têm representantes eleitos para ocupar cargos, como o Congresso ou a prefeitura, ou em partidos políticos.

Expansão do Índice de Democracia Local

Em 2018, o IDL foi aplicado pela primeira vez, em Curitiba. A partir da experiência, os pesquisadores do instituto trabalharam para melhorar o instrumento e resolver alguns problemas metodológicos, tornando a mensuração mais precisa. Por isso, não é possível comparar os resultados das duas capitais.

Agora, a partir da experiência de São Paulo, a ideia é expandir a aplicação do IDL para todas as capitais do país, de modo a ter um parâmetro de comparação. Para isso, o Sivis está procurando patrocínio.

Confira o relatório completo com os resultados do IDL para São Paulo:

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