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Blitz de orientação sobre a Covid-19 em Campinas (SP): ministro da Saúde, Nelson Teich, admitiu pela primeira vez que algumas cidades do país precisarão adotar o lockdown em algum momento.
Blitz de orientação sobre a Covid-19 em Campinas (SP): ministro da Saúde, Nelson Teich, admitiu pela primeira vez que algumas cidades do país precisarão adotar o lockdown em algum momento.| Foto: Fernando Sunega/Fotos Públicas

O Brasil registrou na terça-feira (5) e na quarta-feira (6), os dois números mais altos de mortes pelo coronavírus em intervalos de 24 horas: 600 e 615, respectivamente. Diante desse cenário, o ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu pela primeira vez que o país pode adotar medidas de intensificação do isolamento social, o chamado lockdown, em municípios onde a incidência da Covid-19 é alta e a infraestrutura de saúde já não suporta tantos casos.

É o que já vem sendo feito em São Luis (MA) desde a última terça e que começa nesta quinta-feira (7) em Belém e outras nove cidades do Pará. Fortaleza também já adota medidas mais rígidas de circulação de pessoas e a prefeitura de São Paulo não descarta que isso venha a ocorrer em breve. Multas já estão sendo estabelecidas para quem desrespeitar o confinamento total durante a vigência da medida.

“O lockdown vai ser importante nos lugares onde estiver muito difícil, com alta incidência, alta ocupação de leitos, muitos pacientes chegando, infraestrutura que não conseguiu se adaptar. Aí você vai ter uma situação que realmente vai ter de proteger as pessoas”, afirmou. Mas Teich alertou que cada estado ou cidade deve adotar a estratégia que for necessária e não medidas generalizadas, para que serviços essenciais como saúde e alimentação não parem.

“Vai ter lugar em que o lockdown é necessário? Vai ter lugar em que eu vou poder pensar em flexibilização? Vai. O que eu preciso é que a gente pare de tratar disso de forma radical, até para que a gente tenha tranquilidade para implementar as medidas em cada lugar do País.”

No exterior, os lockdowns mais rigorosos foram adotados onde houve crises mais agudas da Covid-19, como em Wuhan, na China, onde surgiu a doença, e no norte da Itália.

O que acontece de diferente quando se decreta lockdown?

Em inglês, lockdown significa confinamento. Na crise do coronavírus, o termo tem designado o bloqueio total de um perímetro urbano, para que não haja entrada e saída de pessoas. Normalmente, ele é acompanhado de medidas mais extremas também de restrição da circulação interna, como a penalização de pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem decretos do governo. Além disso, o uso de máscara geralmente passa a ser obrigatório nos poucos casos em que a circulação é permitida.

O Ministério da Saúde define o lockdown ou bloqueio total como o nível mais alto de segurança do isolamento social, que “pode ser necessário em situação de grave ameaça ao sistema de saúde”. A finalidade desse tipo de bloqueio é evitar que o total de infectados aumente muito rápido e isso cause sobrecarga nos hospitais.

O principal diferencial desse tipo de isolamento para os outros é que “todas as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de segurança e ninguém tem permissão de entrar ou sair do perímetro isolado”, de acordo com a pasta.

O Ministério menciona o “alto custo econômico” como a maior desvantagem dessa medida, mas diz que ela é eficaz para “dar tempo para reorganização do sistema em situação de aceleração descontrolada de casos e óbitos”. Ressalta que os países que implementaram esse tipo de bloqueio “conseguiram sair mais rápido do momento mais crítico” de expansão da Covid-19.

Quais são os outros tipos de isolamento

O Ministério da Saúde classifica ainda outros tipos de isolamento social: o Distanciamento Social Seletivo (DSS) e o Distanciamento Social Ampliado (DSA).

O tipo seletivo é aquele que vem também sendo chamado de isolamento vertical: apenas alguns grupos ficam isolados, especialmente aqueles que, segundo os órgãos de saúde, apresentam mais riscos de desenvolver a doença ou podem apresentar um quadro mais grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas ou condições de risco como obesidade e gestação de risco.

No distanciamento seletivo para a Covid-19, as pessoas abaixo de 60 anos podem circular livremente, desde que estiverem assintomáticas. O isolamento seletivo prevê retorno gradual das atividades comerciais e laborais.

Já o distanciamento social ampliado é aquele que tem sido posto em prática pela maioria dos municípios e entes federativos do Brasil desde março.

É uma estratégia em que todos os membros da sociedade são instados a permanecer em suas residências. Decretos de prefeitos, governadores ou do presidente determinam o fechamento do comércio e de outros estabelecimentos, além de proibir as aglomerações, para incentivar o isolamento e restringir ao máximo o contato entre pessoas.

O isolamento ampliado não prevê, contudo, o fechamento dos perímetros e a proibição de entrada e saída dos cidadãos, como se faz no lockdown. Além disso, as medidas de controle e punição da circulação de pessoas nas ruas costumam ser mais brandas do que nos casos de locais que adotaram bloqueio total.

Segundo o Ministério da Saúde, o distanciamento ampliado é “essencial para evitar uma aceleração descontrolada da doença” e não está focado exclusivamente na Covid-19, mas “em todas as situações de concorrência por leitos e respiradores”.

Tanto o lockdown como o DSS e o DSA são diferentes da quarentena, ao menos no uso oficial da terminologia. Embora a expressão “quarentena” esteja sendo empregada para definir situações diversas de decretação de isolamento social por autoridades, o termo designa, a rigor, a restrição total de circulação de pessoas ou grupos que estejam contaminados, para que não disseminem o vírus.

Fiocruz recomenda lockdown urgente no estado do Rio

Em reação ao aumento de casos confirmados e óbitos, além do consequente estrangulamento do sistema de saúde, governadores e prefeitos estão decretando o lockdown.

No Pará, o governador Helder Barbalho (MDB) determinou que o regime de lockdown comece em Belém e outras nove cidades a partir destaa quinta-feira (7). No Ceará, o governo estendeu a quarentena e anunciou normas mais rígidas para a circulação de pessoas em Fortaleza. Há controle na entrada e na saída de pessoas da capital cearense.

O Maranhão, primeiro estado a implantar o bloqueio total no país após uma decisão da Justiça, adota o lockdown desde a última terça-feira (5) na capital e mais três municípios da região metropolitana de São Luís (Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa). A previsão é que o regime dure dez dias, podendo ser prorrogado.

No Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou a implantação urgente do lockdown no estado. A iniciativa, segundo a instituição de pesquisa, é para evitar uma “catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil”.

Em Salvador, o prefeito ACM Neto (DEM) inovou ao anunciar, na quarta-feira (6), o “lockdown setorizado”, com o fechamento de determinados lugares da cidade. “Se essa medida não funcionar, vou defender o fechamento de tudo”, disse, segundo o site local Bahia Notícias.

Já o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse que o lockdown ainda não está nos planos, mas não descartou a possibilidade — o número de mortes pelo coronavírus continua aumentando na capital paulista e chegou a 1.910, com 23.187 casos.

"A prefeitura tem, em cima da mesa, várias opções de ação. Estamos buscando aquelas que não restrinjam ainda mais a atividade econômica. Mas, quando eles (a Secretaria de Saúde) acharem ser necessário, nós faremos", disse.

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