O presidente Luiz Inácio Lula da Sivla (PT) disse, na manhã desta quarta (26), ter certeza de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “tentou dar um golpe de estado”, mas que defende que ele possa se defender e ter a “presunção de inocência” sobre um possível indiciamento pela Polícia Federal.
“Que ele tentou dar um golpe, isso ele tentou”, disse Lula em entrevista ao UOL em relação às investigações que apuram uma suposta trama golpista que culminou com os atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Apesar de cravar que o ex-presidente tenha tentado atentar contra a democracia, Lula disse que defende a Bolsonaro o que ele supostamente não teve, o de se defender de acusações.
Retomando sucessivas falas desde que deixou a prisão na carceragem da Polícia Federal em Curitiba em 2019, Lula afirma que foi condenado por um crime sem “fato determinado”, e que não teve a “presunção de inocência” para se defender das acusações.
Lula havia sido condenado pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR), em 2017, por suspeitas de corrupção que teriam beneficiado a compra de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral do estado de São Paulo.
“Não quero que seja condenado ou inocentado, mas que seja julgado corretamente e que prevaleça o que a Justiça encontrar”, afirmou Lula.
"Presidente não ganha joias"
O presidente ainda colocou em dúvidas a legalidade do recebimento de presente de artigos de luxo – como as joias e presentes recebidos de governos estrangeiros, como da Arábia Saudita –, em que afirmou que “presidente da República não ganha joias, ganha presentes” mais simples.
Ele citou que ainda tem diversos presentes que ganhou nos dois primeiros governos e que estão guardados em contêineres na sede do sindicato que ele fazia parte. Lula afirmou que pretendia montar um museu com as peças, mas que a prisão dele acabou atrasando este plano.
Na mesma entrevista, o petista voltou a atacar o governo de Bolsonaro, afirmando que o Brasil havia se tornado um “pária” do mundo e que nenhum líder estrangeiro queria se relacionar com a “loucura” do ex-presidente.
Também afirmou que pegou o governo no começo do ano passado parecendo uma “Faixa de Gaza”, com uma “herança trimaldita”, com rombo nas contas públicas e ministérios desmontados. No entanto, afirmou que não iria “ficar criticando” Bolsonaro e que ainda tem dois anos e seis meses para se dedicar ao governo.
A afirmação, no entanto, contrasta com o comportamento adotado e intensificado nas últimas semanas, em que reforçou os ataques a Bolsonaro e às políticas adotadas no período, como o Casa Verde e Amarela e a Carteira Verde Amarela.
Na semana passada, Lula afirmou que foi recomendado por assessores a não citar o nome de Bolsonaro – o que realmente não o fez na entrevista desta quarta (26) –. No entanto, referências como “ex-presidente” e “governo passado” passaram a ser mais frequentes.
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