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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (25), que se o presidente da Ucrânia, Volydmir Zelensky, "fosse esperto", ele perceberia que a solução para a guerra na Ucrânia deve acontecer pela via diplomática e não pela via militar. O país está em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022, quando o Vladimir Putin ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia.
"Se ele [Zelensky] fosse esperto, ele diria que a resolução [para a guerra] é diplomática, não é militar. Mas isso depende de capacidade de sentar e conversar, ouvir o contrário e tentar chegar num acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida. É isso", disse Lula durante coletiva de imprensa em Nova York.
Lula foi questionado por jornalistas sobre as críticas que Zelensky fez ao acordo de paz sino-brasileiro para um cessar-fogo na Ucrânia. A proposta feita por China e Brasil prevê uma conferência internacional com a participação de Rússia e Ucrânia para buscar uma solução pacífica para o conflito.
Durante discursos na ONU nesta semana, Volodymyr condenou a iniciativa. O líder ucraniano afirmou ainda que países como Brasil e China deveriam condenar atitudes colonialistas, como a da Rússia contra a Ucrânia. "Temos que defender a Carta das Nações Unidas e garantir o nosso direito – o direito da Ucrânia – à integridade territorial e à soberania, tal como fazemos com qualquer outra nação", disse nesta quarta.
Ao ser questionado por jornalistas sobre as declarações de Zelensky, Lula respondeu que as afirmações do ucraniano eram "óbvias". "Que ele tem que se defender é obrigação dele. Que ele tem que ser contra a ocupação territorial é obrigação dele. O que ele não está conseguindo fazer é a paz", disparou o petista.
"E o que nós estamos propondo não é fazer a paz por ele, o que nos estamos fazendo é chamando a atenção para que eles levem em consideração que somente a paz vai garantir que a Ucrânia sobreviva enquanto país soberano e que a Rússia sobreviva. Ele não precisa aceitar a proposta do Brasil e da China, porque não tem proposta. Tem uma tese de que é importante começar a conversar", disse Lula sobre Zelensky.
O documento formulado por Brasil e Rússia é criticado e acusado de levar em consideração os interesses russos no conflito. Além de uma conferência internacional com a participação de Rússia e Ucrânia, ou seja, invasor e invadido, o texto também não implica na retirada de tropas russas da Ucrânia.
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O mandatário brasileiro também voltou a afirmar que o que acontece na Faixa de Gaza é um "genocídio" patrocinado pelo governo israelense. Lula também chegou a comparar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ao ditador da Rússia, Vladimir Putin.
"É importante lembrar que o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu foi julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que julgou [Vladimir] Putin, e ele está condenado da mesma forma do que o Putin. É importante lembrar que já foram feitas várias discussões aqui na ONU, varias tentativas de paz e cessar-fogo que foram aprovadas e que ele [Netanyahu] não cumpre. Simplesmente não cumpre", disse Lula a jornalistas.
O petista ainda prosseguiu ainda que "condena veementemente" o genocídio que acontece na Faixa de Gaza e as guerras que ocorrem no Líbano e na Cisjordânia. Apesar de citar os crimes de guerra pelos quais Vladimir Putin foi condenado pelo TPI, Lula não expressou sua condenação pela guerra na Ucrânia.
Lula em Nova York
O petista também foi questionado sobre as eleições na Venezuela, mas evitou responder a pergunta. Lula apareceu na coletiva ao lado dos presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputado, Arthur Lira (PP-AL).
O brasileiro está em Nova York desde o final da última semana, para onde viajou para participar da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas. O Brasil é o país que abre os discursos no evento e Lula aproveitou a oportunidade para mandar "recados", cobrar por uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e reforçar a agenda do Brasil no G20, bloco que o país preside neste ano.
Além da Assembleia Geral, o mandatário brasileiro também teve agendas à margem da cúpula. Nos Estados Unidos, Lula participou da Cúpula do Futuro, organizada pela ONU; copresidiu, ao lado primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a mesa redonda “Em defesa da democracia, combatendo o extremismo”; também organizou uma Cúpula do G20.
Em declaração nesta quarta, afirmou que a presença brasileira nos fóruns citados foi importante para "marcar a posição Brasil em algumas coisas que reivindicamos há algumas décadas". Lula tem sido enfático em cobranças por uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, considerado o órgão mais importante da organização e que, em teve, tem o dever de evitar guerras.