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Lula cumprimenta o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ).
Lula cumprimenta o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ): tentativa de formar frente anti-Bolsonaro no Rio.| Foto: Ricardo Stuckert/Twitter de Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta semana sua primeira visita a Brasília desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou suas condenações nos processos referentes à Lava Jato. Com toda uma estrutura montada pelo PT em um hotel próximo à Esplanada dos Ministérios, o petista se reuniu com parlamentares, líderes de partidos e até mesmo embaixadores de outros países. O principal assunto dos encontros foram as costuras políticas para as eleições de 2022.

"Foi muito importante para mim pessoalmente e acho que para o PT é muito importante a gente restabelecer as conversações com as forças políticas desse país. Fazia tempos que eu não tinha reuniões com partidos políticos", disse Lula em vídeo nas redes sociais. Ele fez uma avaliação positiva dos encontros. "Acho que foi um sucesso."

Oficialmente o PT afirma que a viagem teve como intuito tratar da "situação do país" – como o auxílio emergencial, a vacinação contra a Covid-19 e o "desmonte do Estado". No entanto, líderes partidários que participaram dos encontros admitem que os encontros tiveram como pano de fundo possíveis alianças para a disputa presidencial do ano que vem.

Além de partidos de esquerda, Lula também tem feito costuras com legendas de centro para garantir palanque nos estados para ele próprio em 2022 na eleição presidencial.

Os partidos com os quais Lula conversou nesta semana foram MDB e PSD no espectro político do centro; e PSB e Psol na esquerda. O PT abriria abrir mão de candidaturas aos governos estaduais em troca de apoio na sucessão presidencial ou, ao menos, de uma aliança contra o presidente Jair Bolsonaro nesses estados.

Sarney, Jucá, Eunício: Lula se encontra com antigos caciques do MDB

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Lula se reuniu com ex-presidente José Sarney, figura histórica do MDB.| Ricardo Stuckert

Um dos principais alvos de Lula para 2022 é uma aliança com o MDB. Apesar do rompimento entre PT e MDB durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, integrantes dos dois partidos já admitem a reaproximação. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), argumentou inclusive que o partido mantém boa relação com alguns quadros do MDB e não descarta alianças nacionais com siglas fora do campo da esquerda.

Nesta semana, Lula se reuniu com o ex-presidente José Sarney, um dos políticos mais influentes dentro do ninho emedebista. Além de Sarney, Lula esteve com o ex-senadores Romero Jucá (RR) e Eunício de Oliveira (CE). Nas redes sociais, Eunício afirmou que a conversa foi “agradável e produtiva”. Alegou ainda que o diálogo também envolveu a preocupação com os mais pobres, o desemprego e a “questão da fome que assola milhares de cidadãos no Brasil”.

Eunício Oliveira, que já foi presidente do Senado, é um dos maiores rivais de Ciro Gomes (PDT) no Ceará. O pedetista trabalha por sua candidatura à presidência e tem ampliado o discurso contra Lula e Bolsonaro. Na contramão, o ex-senador e velhos nomes do MDB trabalham para voltar ao Congresso em 2022.

Kassab diz a Lula que PSD está aberto ao diálogo

Outra partido de centro do qual Lula tenta se aproximar é o PSD. Em Brasília, o petista se reuniu com o presidente da sigla, Gilberto Kassab. Os dois trataram dos possíveis cenários para a disputa presidencial.

Apesar de oficialmente o PSD estar na base do governo de Jair Bolsonaro, Kassab sinalizou para Lula que seu partido deve ter um nome próprio ao Palácio do Planalto, mas que estava aberto ao diálogo com os petistas.

Recentemente Kassab deu uma entrevista ao jornal Valor Econômico em que afirmou que Bolsonaro não chegaria ao segundo turno no ano que vem. As declarações provocaram reações em outros integrantes do PSD, entre eles o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Além de Kassab, Lula também se encontrou com o senador Otto Alencar (PSD-BA), mas o parlamentar afirmou que foi ao hotel apenas para "dar um beijo" no ex-presidente.

Com Maia, a ideia é ter aliança para derrotar Bolsonaro em seu berço eleitoral

Em outra frente, Lula recebeu o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) para tratar da eleição no Rio de Janeiro e de alianças com o centro.

Tanto interlocutores de Lula quanto de Maia descartam uma composição entre os dois para a disputa presidencial. No entanto, teria ficado acertada uma unificação na disputa pelo governo do Rio de Janeiro – o que indiretamente beneficiaria a campanha de Lula pelo Planalto. O ex-presidente tem afirmado que é “necessário derrotar o bolsonarismo no seu berço”, em referência ao reduto eleitoral de Jair Bolsonaro.

Em atritos com o DEM desde a disputa pela presidência da Câmara no começo deste ano, Rodrigo Maia estuda a possibilidade de se filiar ao MDB. No entanto, os interesses locais de deputados e vereadores do Rio estariam pesando contra isso. Uma ida de Maia para o PSD também passou a ser cogitada nos últimos dias.

Articulação no Rio envolve ainda Freixo e Molon

A situação eleitoral do Rio foi tema de outros encontros de Lula em Brasília nesta semana. O petista se reuniu com o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), quando recebeu a sinalização de apoio do ex-presidente para a disputa pelo governo do estado.

Freixo não descarta ainda uma migração para o PSB para disputar a eleição. Nessa composição de chapa, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) seria o candidato ao Senado.

“No Rio, precisamos que a aliança seja composta por partidos que apoiem diferentes candidatos à Presidência da República. Lula manifestou apoio a este tipo de iniciativa e disse que o PT está disposto a abrir mão de lugar na chapas estaduais em favor de nomes de outros partidos”, disse Alessandro Molon.

Além de PSB, PT e Psol, a candidatura de Freixo no Rio de Janeiro ainda pode fechar com o PSD e o MDB. Freixo conta com o apoio do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que estuda deixar o DEM para migrar para o MDB ou o PSD. Além disso, o pré-candidato também tem o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que nesta semana deixou o DEM e migrou para o PSD.

A eleição estadual no Espírito Santo também fez parte das costuras de Lula em Brasília. O petista convidou o senador Fabiano Contarato (Rede) para se filiar ao PT para uma possível disputa pelo governo do estado. Contarato sinalizou para o ex-presidente que essa possibilidade está sendo estudada por ele, mas que também mantém conversas com outros partidos da esquerda, como PCdoB, PDT e PSB.

Encontro de Lula com Rodrigo Pacheco foi cancelado

Além de parlamentares e líderes partidários, Lula pretendia se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A costura do encontro vinha sendo articulado pela bancada do PT, que apoiou o nome do senador mineiro na disputa pela presidência do Senado no começo deste ano.

A agenda incomodou o Palácio do Planalto, o que fez com que Pacheco afirmasse que o encontro com o líder petista seria institucional, e que receber ex-presidentes, governadores e prefeitos é algo comum em sua agenda.

Mesmo assim, a audiência que estava prevista para ocorrer nesta quinta-feira (6), acabou não ocorrendo por “incompatibilidade” de agenda, segundo a assessoria do presidente do Senado.

Encontros com os embaixadores da Alemanha e África do Sul

Lula também teve encontros em Brasília com o embaixador da África do Sul no Brasil, Vusi Mavimbela, e com o embaixador da Alemanha, Heiko Thoms. Com o alemão, um dos principais temas da reunião teria sido a preocupação do país europeu com a questão ambiental no Brasil.

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