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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início nesta segunda-feira (6) a uma série de viagens que pretende fazer pelo Brasil. O objetivo é criar uma agenda positiva por meio da retomada de obras e do lançamento de programas de governo. O movimento faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto para "virar a página" um mês depois dos atos de vandalismo em Brasília.
Lula desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, onde cumpriu agenda voltada para a saúde. Ele anunciou a liberação de R$ 600 milhões para estados e municípios em um esforço para reduzir a fila de cirurgias, exames e consultas no Sistema Único de Saúde (SUS). O montante foi viabilizado por meio da PEC fura-teto, que ampliou em R$ 168 bilhões o orçamento para programas sociais.
Além disso, o presidente participou da inauguração de unidades de oftalmologia e diagnóstico do Super Centro Carioca de Saúde, em Benfica, na capital fluminense. O presidente estava acompanhando do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e do governador Claudio Castro (PL). No discurso, Lula afirmou que irá recuperar a indústria naval do país.
"Quero dizer que a Petrobras vai voltar a funcionar aqui no Rio de Janeiro. O BNDES vai voltar a fazer investimento no setor produtivo. A gente vai voltar a construir navios nos estaleiros aqui do Rio de Janeiro. Eu falo para vocês [Eduardo Paes e Claudio Castro], apresentem projetos, pois se tiver projeto, terá liberação de dinheiro", disse.
Antes de chegar ao Rio, o presidente participou da cerimônia de posse do economista Aloizio Mercadante como presidente do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Na agenda, Lula chegou a afirmar que os atos de vandalismo de 8 de janeiro, em Brasília, representaram "a revolta dos ricos que perderam a eleição".
"Eu ganhei as eleições exatamente pra fazer as mudanças que não eram feitas. Esse país não pode continuar a ser governado pra uma pequena minoria", completou.
Lula aposta em agenda positiva para ampliar popularidade do governo
Além do Rio de Janeiro, Lula pretende visitar em breve os estados da Bahia e do Sergipe para o anúncio de obras do governo federal. Após o Carnaval, a previsão é que o presidente faça visitas a outros estados brasileiros.
Entre os investimentos a serem anunciados nas viagens está a retomada do programa "Água para Todos", que reúne medidas preventivas e contra a seca, como a construção de cisternas, nas regiões mais secas do país. Na cidade baiana de Santo Amaro, Lula deve relançar o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida no dia 14 de fevereiro, de acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
No dia seguinte, Lula desembarca em Sergipe para visitar a retomada de obras de rodovias no estado nordestino. “É um programa forte e até o final de março vários programas serão lançados nessas visitas do presidente”, disse. Segundo o ministro, Lula deverá ter agendas de viagens e inaugurações em todas as semanas nos próximos dois meses.
O movimento de criar uma agenda positiva do governo faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto para ampliar a popularidade de Lula nos primeiros meses de governo. Ele pretendia ter dado início ao giro pelo país logo após os atos de vandalismo em Brasília. No entanto, acabou adiando pois auxiliares do governo temiam que a medidas consideradas positivas poderiam se perder em meio ao cenário de investigação dos responsáveis e envolvidos nos atos de terror contra os Três Poderes.
Antes da viagem ao Rio, Lula visitou as cidades de Araraquara (SP) e Boa Vista (RR), mas, em razão de ações emergenciais. Por causa dos estragos causados pelas chuvas intensas, na cidade paulista, e em razão da crise de saúde dos indígenas Yanomami.
Casa Civil coordena lista com obras para Lula inaugurar
Na estratégia para criar a agenda positiva de Lula, a Casa Civil criou um sistema para que os governadores apresentem uma lista com até três obras que estão paradas ou em fase de conclusão em seus estados. O esforço de mapeamento com as obras, ações e programas está sendo conduzido pelo ministro Rui Costa aos demais ministérios da Esplanada.
O objetivo visa entregar o máximo de programas de governo e planejar a retomada de pelo menos 10 mil obras ainda nos primeiros 100 dias de governo. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o país apresenta 38,5% de obras públicas paralisadas, o que corresponde a um montante de R$ 27,2 bilhões. A retomada, nos cálculos do governo, será uma forma de reaquecer a economia e gerar empregos em todos os estados.
Em São Paulo, por exemplo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu apoio do governo Lula para obras de mobilidade como o Trem Intercidades, que vai fazer a ligação entre Santos e Guarujá e do metrô paulista.
"Da minha parte, não há nenhum veto a qualquer governador que quiser conversar. A porta do Palácio do Planalto está aberta. E vamos mostrar ao Brasil que governar de forma civilizada é muito importante. A disseminação do ódio acabou", indicou Lula durante reunião com os 27 governadores no final de janeiro.
Lula vai ao EUA para encontro com o presidente Joe Biden
Antes das visitas aos demais estados brasileiros, Lula embarca nesta sexta-feira (10) para os Estados Unidos para um encontro com o presidente Joe Biden. Desta vez, a expectativa é de que os atos de vandalismo em Brasília, assim como o episódio de invasão ao Capitólio, sejam abordados por ambos como forma ampliar o discurso em defesa da democracia.
Lula pretende ainda se reunir com o senador democrata Bernie Sanders e com o deputado democrata Alexandria Ocasio-Cortez. No ano passado, Sanders foi um dos responsáveis pela pressão para que o governo Biden se posicionasse contra manifestações contra as urnas eletrônicas por parte do então presidente Jair Bolsonaro.
Acompanharão o presidente na visita a Joe Biden os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente,) Anielle Franco (Igualdade Racial), além do chanceler Mauro Vieira. A comitiva retorna ao Brasil no sábado (11).