O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou nesta segunda (2) contra o empresário Elon Musk sobre os ataques que têm feito ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que levaram à suspensão da rede social X no Brasil.
Foi a primeira manifestação do presidente desde o bloqueio da plataforma no país e que levou ainda a um embate entre a empresa de comunicação Starlink – também de Musk –, muito utilizada no Brasil pelo agronegócio, militares e acesso às comunidades mais isoladas, e o Judiciário.
“A Justiça brasileira pode ter dado um importante sinal de que o mundo não é obrigado aguentar o vale tudo de extrema-direita de [Elon] Musk só porque ele é rico”, disse Lula à CNN Brasil.
Lula se disse “satisfeito” com a decisão unânime da Primeira Turma do STF mais cedo que referendou a determinação de Moraes de bloquear o acesso ao X no Brasil, e minimizou os possíveis prejuízos ao país de que internautas ficariam sem acesso à rede. Para ele, plataformas alternativas estão sendo procuradas.
Os votos favoráveis de Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux acompanharam Moraes, embora Fux tenha feito algumas ressalvas. Ele destacou que a decisão não deveria atingir indiscriminadamente “pessoas naturais e jurídicas que não tenham participado do processo”, a menos que usem a plataforma para atividades proibidas, como expressões de racismo, nazismo, ou obstrução de investigações criminais.
Antes mesmo da decisão, Lula já havia se posicionado de forma crítica em relação a Elon Musk na última sexta (30), durante uma viagem a João Pessoa. Ele afirmou que o empresário deveria respeitar a legislação brasileira, independentemente de sua riqueza.
“Não é porque o cara tem muito dinheiro que pode desrespeitar. Esse cidadão é americano, não é um cidadão do mundo. Ele não pode ficar ofendendo presidentes, deputados, Senado, Câmara, Suprema Corte”, disse em entrevista à rádio MaisPB.
O presidente concluiu a crítica afirmando que Musk deve respeitar as decisões da Suprema Corte brasileira para que o país mantenha a soberania.
A decisão de Moraes faz parte de um inquérito que envolve o empresário Elon Musk, sócio do X. Em abril, o magistrado determinou que Musk fosse investigado pelos crimes de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
A decisão sobre o bloqueio do X foi muito criticada. Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo pontam que ela viola leis e cria nova espécie de ato jurídico, expondo o Brasil ao “ridículo internacional” pela forma como foi feita a intimação que originou a derrubada da plataforma.
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