Líderes partidários e defensores da Operação Lava Jato passaram a fazer apelos na tentativa de convencer o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro a se posicionar como potencial candidato a presidente em 2022. Moro diminuiu as declarações públicas desde que se tornou sócio-diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal no ano passado. Mas, reservadamente, não descarta a candidatura.
Moro tem mantido conversas reservadas "como cidadão" sobre o cenário nacional com parlamentares aliados. Nesses diálogos, segundo apurou a reportagem, Moro resiste a dar sinais claros sobre suas pretensões políticas, mas não descarta uma futura candidatura. O ex-ministro demonstra desconforto com o que interlocutores chamam de "progressiva deterioração" do país e dos mecanismos anticorrupção.
Apelo para Moro ser candidato cresce após STF liberar mensagens da Lava Jato
Os entusiastas da candidatura do ex-juiz voltaram a se mobilizar após a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar o compartilhamento da íntegra das mensagens hackeadas da Lava Jato com a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A expectativa do julgamento sobre a suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá (RJ) deu munição à narrativa dos partidários de Lula, mas também aglutinou defensores da luta anticorrupção que apostam nesse discurso para formar uma frente eleitoral em 2022.
"Uma reviravolta [nas decisões da Lava Jato] chocaria a população que votou contra a corrupção em 2018 e beneficiária uma eventual candidatura do Moro, que simboliza esse sentimento. As cartas para 2022 ainda não foram apresentadas em sua plenitude, mas ele já tem visibilidade", diz o senador Alvaro Dias (Podemos-PR). O senador, que disputou a Presidência em 2018, conversou com Moro pela última vez após a eleição para a presidência da Câmara, no início de fevereiro.
Quais partidos querem ter Moro como candidato a presidente
O Podemos é um dos partidos que quer que o ex-juiz da Lava Jato como candidato na eleição presidencial de 2022. A deputada Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, disse acreditar que Moro sai maior a cada "ataque" que sofre. "O povo sabe que ele, sozinho, tem reafirmado seu papel de herói nacional. Mesmo diante de mensagens hackeadas, obtidas de forma ilegal, o conteúdo revela a cautela e a seriedade que fez dele, no auge da operação, um orgulho de todos os brasileiros", afirma a dirigente.
Outra legenda que mantém as portas abertas para Moro é o PSL, que planeja um processo de expurgo da ala bolsonarista. "O PSL é um partido moderado e de centro-direita. Estamos buscando construir pontes com ele [o ex-juiz]. Moro é o nome mais consistente do ponto de vista eleitoral. Ele aglutina os lavajatistas, antipetistas e aqueles que pregam a ética na política. Ou seja: as três vertentes da sociedade que o Bolsonaro abdicou", diz o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente nacional do PSL.
Em suas redes sociais, a deputada estadual paulista Janaína Paschoal (PSL) fez um apelo para que Moro entre no tabuleiro eleitoral de 2022. "Haja vista o inferno que estão transformando a vida dele, não vejo outro caminho para Sergio Moro além de se candidatar à Presidência da República em 2022", escreveu a parlamentar no Twitter.
Ex-juiz já conversou com outros presidenciáveis
No ano passado, apoiadores de Sergio Moro no Congresso viram na sua contratação por uma consultoria americana e em manifestações recentes sinais de que o ex-ministro está reticente quanto a uma eventual candidatura em 2022. A interlocutores, Moro indicou que não está determinado a ser protagonista em um projeto eleitoral neste momento.
Apesar da discrição, ele tem participado de articulações por uma candidatura de centro-direita, em oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Em setembro, jantou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo o tucano, foi uma conversa "sem prerrogativa de nomes, mas sim de princípios".
Depois do encontro, Moro se reuniu com o apresentador Luciano Huck, que também se movimenta para disputar a Presidência.
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