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Moro Bolsonaro
Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro, que acusa o presidente de interferir na Polícia Federal..| Foto: Jonathan Campos/Arquivo Gazeta do Povo

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro pediu nesta quinta-feira (9) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que analise declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro na entrevista concedida ao programa Hora do Strike, da Gazeta do Povo, no âmbito do inquérito sobre a suposta interferência na Polícia Federal.

Bolsonaro disse que Moro "não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita, não só bisbilhotasse a minha vida, como a de milhares de brasileiros", citando, em seguida um de seus filhos e sua mulher, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A defesa de Moro afirmou a Moraes que há "pontos que são de relevância para as investigações levadas a efeito neste apuratório".

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho, tornou-se alvo de investigações por suposto desvio de salário de ex-funcionários (o caso da "rachadinha"), justamente com base em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de controle que repassa ao Ministério Público transações atípicas identificadas pelos bancos. O inquérito também descobriu que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, e sua mulher, Márcia Aguiar, depositaram cheques na conta de Michelle que somavam R$ 89 mil, entre 2011 e 2016.

Bolsonaro alega que as investigações eram irregulares e que, em reuniões, pedia a Moro que não deixasse que ele fosse "chantageado" por causa dessas investigações. "Eu sempre dizia na reunião de ministros: ‘Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês, entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado, entendeu Sergio Moro?'", disse Bolsonaro na entrevista, concedida à à colunista Cristina Graeml, e aos comentaristas de política Kim Paim e Gustavo Gayer.

Bolsonaro também disse que "queria mandar ele [Moro] embora lá atrás, mas como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil você ter de justificar a demissão dele".

O inquérito sobre a suposta interferência na PF foi aberto em abril de 2020, logo após a decisão de Moro de deixar o governo. No dia da demissão, ele afirmou que Bolsonaro queria trocar dirigentes da corporação sem justificativa. Desde então e num livro lançado recentemente, afirmou que o objetivo era proteger familiares e aliados.

Em depoimento no mês passado sobre o caso, Bolsonaro negou interferência na PF e afirmou que pediu a troca do então diretor-geral, Maurício Valeixo, escolhido por Moro para chefiar a corporação, por "falta de interlocução" e que precisava de mais informações de inteligência para tomar decisões.

Veja, abaixo, a íntegra da entrevista:

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