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O presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno.| Foto: Carolina Antunes/PR

Um grupo oficiais da reserva do Exército divulgou no sábado (23) uma nota de apoio ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Em tom de ameaça, os oficiais atacam o Supremo Tribunal Federal (STF), a imprensa e falam em "guerra civil".

Na sexta-feira, o ministro do STF Celso de Mello pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que avalie a apreensão do celular de Bolsonaro. A demanda foi classificada pelo general Augusto Heleno como “inacreditável e inconcebível” e uma “interferência inadmissível de outro Poder”. Celso de Mello é o relator do inquérito que avalia uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, e que autorizou a divulgação da reunião ministerial de 22 de abril.

"Faltam a ministros, não todos, do stf (sempre grafado em letras minúsculas), nobreza, decência, dignidade, honra, patriotismo e senso de justiça. Assim, trazem ao País insegurança e instabilidade, com grave risco de crise institucional com desfecho imprevisível, quiçá, na pior hipótese, guerra civil", diz o texto assinado por 90 oficiais da reserva.

Mello despachou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) três notícias-crime, em ato de praxe, para Augusto Aras se manifestar sobre os pedidos feitos por deputados da oposição de apreensão dos celulares, além do presidente, de seu filho Carlos Bolsonaro.

A reação de Heleno provocou fortes reações de setores democráticos da sociedade que enxergaram na nota ameaça de golpe.

No texto divulgado neste domingo os oficiais da reserva, ex-colegas de turma de Heleno na Academia das Agulhas Negras, se referem aos "ministros" do STF - entre aspas - nos seguintes termos: "bando de apadrinhados que foram alçados à condição de ministros do stf (sic), a maioria sem que tivesse sequer logrado aprovação em concurso de juiz de primeira instância".

Em tom policialesco, o texto adverte: "Alto lá, 'ministros' do stf!" e diz que os autores do texto se mantém calados "em nome da paz no País".

Sem citar nomes, os militares sugerem que ministros são delinquentes e que, por culpa do STF, que decidiu contra a prisão após condenação em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está livre.

"Juiz que um dia delinquiu - e/ou delinque todos os dias com decisões arbitrárias e com sentenças e decisões ao arrepio da lei -facilmente perdoa (...) Vemos, por esta razão, ladrão, corrupto e condenado passeando pela Europa a falar mal do Brasil. Menos mal ao País fizeram os corruptos do mensalão e do petrolão, os corruptos petistas e seus asseclas que os maus juízes que, hoje, fazem ao solapar a justiça do país e se posicionar politicamente, como lacaios de seus nomeadores, sequazes vermelhos e vendilhões impatrióticos".

Os militares aposentados também ecoam o discurso de Bolsonaro ao usar termos pesados como "canalha" para se referir à imprensa. "Temos acompanhado pelo noticiário das redes sociais (porquanto, com raríssimas exceções, o das redes de TV, jornais e rádios é tendencioso, desonesto, mentiroso e canalha, como bem assevera o Exmº. Sr. presidente da República), as sucessivas arbitrariedades, que beiram a ilegalidade e a desonestidade".

Por fim, a nota prega a desobediência. "Aprendemos, desde cedo, que ordens absurdas e ilegais não devem ser cumpridas". Na decisão que retirou o sigilo sobre a reunião do dia 22 de abril, Celso de Mello adverte que a desobediência a ordem judicial é crime e pode levar ao impeachment.

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