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O que muda para o Brasil agora que a OMS declarar a pandemia de coronavírus
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta: nova estratégia vai ampliar grupo de casos suspeitos.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o coronavírus é uma pandemia (surto disseminado em todo o planeta), nesta quarta-feira (11), vai mudar a estratégia do governo brasileiro para combater a doença. O Brasil inclusive vinha pressionando a OMS a declarar a pandemia o quanto antes.

A partir de agora, o esforço deixa de ser conter a disseminação por meio da localização e isolamento de possíveis infectados que viajaram a países com transmissão sustentada ou que tiveram contato com pessoas infectadas que estiveram nessas nações. A nova estratégia será considerar suspeito qualquer brasileiro que apresente os sintomas do coronavírus e que esteve no exterior – em qualquer país, já que a doença é uma pandemia. Ou seja, o grupo alvo de atenção aumenta. Consequentemente, também vai crescer o número de casos suspeitos.

Ministro critica demora da OMS em declarar a pandemia de coronavírus

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, logo após o anúncio da OMS, criticou a demora da organização em declarar a pandemia. "Teimaram comigo. Falei: é uma pandemia, e desde a semana passada o Brasil já trata como pandemia. Se você tem uma transmissão sustentada em tantos países, como vou ficar procurando país por país, quem veio de onde? Isso pelo menos três semanas atrás já era impraticável pelos sistemas de saúde", afirmou.

A transmissão sustentada (ou consistente) é quando casos novos aparecem sem que os infectados tenham viajado a áreas de risco ou tenham tido contato conhecido com pessoas que estiveram nesses países. Ou seja, o doente se infectou de um modo que não é possível rastrear a origem da contaminação. Isso significa que a transmissão está disseminada. Até às 17 horas desta quarta (11), havia 52 casos de coronavírus confirmados no Brasil.

O ministro Mandetta também confirmou à Folha de S.Paulo que a estratégia de identificação de casos suspeitos muda com a declaração de pandemia. "As pessoas que chegarem de qualquer lugar do mundo que tiverem tosse, febre, gripe, já podem ser considerados casos suspeitos", disse.

Outra possível estratégia do Brasil a partir de agora, com a declaração da pandemia de coronavírus pela OMS, é concentrar esforços em tratar os pacientes com estado de saúde mais grave. Quando se considera que existe uma pandemia, está implícito que a doença já se espalhou e a estratégia pode passar a ser, principalmente, evitar mortes.

Especialista diz que país ainda pode conter a doença

Especialistas, contudo, afirmam que o Brasil ainda pode tentar conter a disseminação do coronavírus. “Com uma pandemia, seguramente vamos ter que adotar medidas mais restritivas no país”, disse o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o médico Marcos Cyrillo, em reportagem publicada pela Gazeta do Povo na sexta-feira (6). “A melhor estratégia é adotar todas as medidas de segurança, de tratamento, de isolamento de contato, cuidados dentro dos hospitais com doentes com a doença, os hábitos de higiene da população. Essas são as maneiras de conter”, afirmou ele.

Segundo o diretor da SBI, o Brasil tem lidado bem com a situação até agora. Mas ele acredita que o país não tem condições de tratar um número alto de doentes. “O Brasil tem lidado bem com o vírus e tem feito bastante documento, protocolo, tem feito muito as diretrizes. Talvez nós não tenhamos pessoas, hospitais, centros cirúrgicos, talvez não tenhamos leitos de UTI, álcool gel. Não é a parte burocrática, é a parte de colocar a mão na massa que está com problema, eu acredito”, disse Cyrillo. “O país não tem condições de lidar com um grande número de infectados, não. Tem que aguardar para ver.”

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